Capítulo 53: "Oi passado".

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Jamais na minha vida imaginei estranhar dormir na cama qual dormi a vida inteira, era como se eu estivesse dormindo no quarto de visitas na casa de qualquer conhecido meu mas não na minha cama. Mas apesar desse estranhamento dormi como uma pedra a noite inteira, estava completamente exausta após a viagem de ontem.

Acordei pensando ser umas nove horas da manhã, porém já era quase uma hora da tarde quando olhei pro meu celular.

- Merda! - Joguei o telefone na cama e me levantei, com a sensação de ter sido atropelada por a manada de mamutes. Resolvi ir tomar um banho rápido pra despertar, vesti a primeira muda de roupa que encontrei perdida na minha mala e desci, meus pais acompanhados do Miguel e do Guilherme estavam almoçando. - Bom, acho que cheguei atrasada pro café da manhã.

- Coisa de três horas no máximo. - Guilherme deu de ombros.

- Boa tarde filha. - Mãe. - Sente-se aí e almoça com a gente.

- Na verdade preciso é de um café, bem forte.

- Bom, aparentemente temos um clone da Manuela entre nós. - Pai. - Deve ter um pouco ainda na cozinha filha. - Concordei com a cabeça e fui até a cozinha, me servi uma xícara satisfeita de café e me sentei na bancada enquanto espero a minha alma entrar no corpo.

- Atrapalho? - Era o Guilherme, apenas neguei com a cabeça. - Como você está?

- Fora o cansaço estou bem e você?

- Estou bem e feliz que está de volta. - Me abraçou de lado me dando um beijo na testa. - Por um tempo tive a certeza que você não voltaria mais.

- É, eu também pensava que não.

- Me conta como estava a vida em terras inglesas. - Se sentou na bancada.

- Sinceramente, estava sendo maravilhoso pra mim. Estudei e trabalhei muito todos esses anos, e eu que pensava que não sabia fazer nada, me tornei até bem competente no que faço. - Sorri. - E você o que tem feito?

- Vamos lá, estou formando esse ano em direito e estou em um estágio remunerado no tribunal de justiça. - Sorriu. - Não da muita grana mas salva algumas saídas no final de semana.

- E está morando aqui com meus pais?

- Não. - Sorriu. - Na verdade estou passando um tempo aqui enquanto o apê que era da minha mãe está reformando.

- O que aconteceu com sua mãe? - Pronto. Só falta a outra Júlia ter morrido e eu ser uma irmã insensível e ausente nem estar sabendo.

- Ela voltou pra Oliveiras, conseguiu transferência pra faculdade de lá e me deixou morar aqui no apê que era dela. - Sorriu.

- Huuum. E vai morar sozinho? - Arqueei as sobrancelhas.

- Por enquanto sim. - Deu de ombros. - Até andei cogitando dividir o apartamento com alguém e conseguir uma grana extra, mas ainda não desenvolvi essa idéia.

- Bom, o que acha da idéia de dividir o apê com uma mulher?

- Ah Jú, eu nem estou namorando... - Revirei os olhos. - Está falando de você?

- Óbvio?

- Bom, eu não sabia que estava querendo sair, de novo, de casa.

- É eu ainda não avisei aos meus pais sobre isso, achei melhor achar o lugar primeiro. - Dei de ombros. - Mas o que me diz?

- Uai Jú, nada mais seguro do que dividir o apê com a minha própria irmã. - Me abraçou de lado novamente. - Só espero que sua mãe não me mate por isso.

O Fruto do Pecado - Livro IIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora