Capítulo 41: Estamos de volta, o Pedro e eu.

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Não sei o que têm nesses remédios só sei o quanto estou me sentindo derrubada desde que comecei a toma-los. Anticoagulantes, analgésicos, antibióticos, toda uma polifarmácia têm feito parte da minha vida desde o momento em que eu acordei do meu mini-coma induzido, devido a pancada na cabeça que aumentou a minha pressão intracraniana.

Isso faz dois dias.

E parece que têm um ano que estou nesse hospital.

Hoje minha mãe e o Miguel vieram me ver mais cedo, depois os meus padrinhos. Gabriel não vêm me ver desde o acontecimento do último dia, é parece que ele ficou bem chateado comigo. Não sei se fui rude de mais, ou ele quem está frustrado por achar que voltaria correndo aos seus pés.

Ele mais do que ninguém deveria saber que eu não sou assim.

Mas enfim.

Vitor também não veio me ver, e pelos meus cálculos ele já chegou a alguns dias de viagem, então temos duas possíveis situações: ou ele não sabe do meu acidente, ou apenas continua sendo o mesmo babaca prepotente que só olha pro próprio umbigo.

Trouxamente, estou torcendo para a primeira opção ser a correta.

- É nesse quarto que uma garota que não olha por onde anda está? - Guilherme.

- Pensei que séria abandonada pelo meu próprio irmão. - Ele revirou os olhos.

- De forma alguma, nunca te abandonarei senhorita dramática. Como você está?

- Entediada. - Bufei.

- Sintoma clínico diferente. - Deu de ombros. - Aqui parece tão legal Jujuba, essas paredes meio brancas, meio verdes. Essa luz extremamente branca, e esse "pi...pi...pi...", rítmico; sinfônico.

- Seu nível de ironia foi tão alto, que sinto que poderia apalpar o seu sarcasmo.

- Alguém está nitidamente de péssimo humor. - Arqueou as sobrancelhas.

- Experimente ficar em um lugar onde ou você está deitada, ou fazendo exercícios porque está toda ferrada, ou deitada, ou fazendo exames. Já disse deitada? Sou muito mais agitada que isso Guilherme.

- Calma mocinha. Logo, logo você vai poder sair dessa cama, e voltar a ter sua vida normal. E tem alguma previsão de alta?

- Não! Meu médico gatissimo nem veio me ver hoje ainda, pra eu poder perguntar pela vigésima sexta vez quando vou sair desse hospício.

- Júlia você estava dando em cima do médico?

- Poderia estar! Mas ele é casado e eu não sou a sua namoradinha. - Sorri em provocação. - Além do mais, estou tão mal arrumada de "crushes" que um médico casado séria bem melhor que minhas outras opções.

- Você está zuando não é?

- Sobre os crushes ou sobre o meu médico? - Ele balançou a cabeça em forma de negação. - Analisa comigo, o Vitor faz mais de uma semana em que estou aqui, contando os dias dormindo e ele não deu nenhum sinal de vida. E o Gabriel, bom sobre ele com certeza você já deve saber.

- Ele me contou que vocês brigaram.

- Eu não briguei com ninguém. - Dei de ombros. - O Gabriel que ficou com o orgulho ferido, e desde então não vêm me ver.

- Ele disse que você meio que sei lá, deu um "basta" nele. É por causa do Vitor?

- Não, não é por causa do Vitor. - Revirei os olhos. - Qual foi Guilherme? O cara simplesmente me abandonou quando eu precisei dele. E agora quer voltar atrás como se nada tivesse acontecido? Então não, não mesmo é por causa do Vitor mas sim por mim mesma.

O Fruto do Pecado - Livro IIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora