Capítulo 42: Sonhando com o passado presente no futuro.

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(...) Ar puro...

Sei que não faz tanto tempo que estou internada, mas a sensação de estar livre de toda aquela aparelhagem, respirando um ar límpido e fresco era extremamente gratificante.

Estar deitada no meio da natureza, com o som da cachoeira de fundo e em cima de mim uma imensidão azul clara, sem nenhuma nuvem me traz uma sensação tão boa.

Não sei qual foi a última vez que senti isso.

Resolvi me levantar do chão onde estava deitada, admirando a natureza, porém fui impedida, havia um vidro, sim um vidro estava me impedindo de sair do chão, é como se eu estivesse em uma caixa.

Aquela paz que eu estava sentindo começou a ser convertida em agonia, afinal ambientes pequenos e fechados sempre me causaram um certo pânico. Para intensificar tudo o que eu estava sentindo o céu já não era mais azul anil, não se podia ouvir uma cachoeira ao fundo, apenas o assobio do vento pairava no ar, seguido de alguns clarões advindos de um raio que acabará de cair.

Por algumas vezes tentei romper o vidro que me impedia de sair daquela caixa, mas era completamente em vão, só sentia minha força e meu oxigênio indo embora a cada golpe.

Não pira Júlia! Não pira, vai ficar tudo bem.

Foi quando comecei a gritar por socorro, e logo uma voz familiar surgiu entre os assobios do vento, a voz foi se aproximando.

- Filha! Hey! - Ele sorria satisfeito e como se tudo estivesse normal, mas caramba eu estou trancada em uma caixa de vidro, no chão e com uma tempestade de aproximando. - Que bom que acordou, achei que iria ficar dormindo aí pra sempre. - Ele bufou. - Sempre me esqueço que aqui é o "pra sempre". - A cada palavra que saia da boca dele tinha certeza que ele, o Pedro, havia enlouquecido.

- Do que você está falando? O-o que vc está fazendo aqui? O que está acontecendo?

- Você ainda não entendeu bonequinha? Você finalmente veio me encontrar, faz quatorze anos em que eu te espero. E agora você está aqui, bem perto de mim, do seu pai.

- Do-do que você está falando? Você não é o meu pai, bom você morreu a alguns anos. - Ele revirou olhos, como se fosse patético o que havia acabado de falar.

- Sua mãe como sempre, uma excelente manipuladora. Ela te manipulou direitinho pra você acreditar que era filha daquele cara depois que me matou.

- Você é louco, minha mãe não fez nada com você. Agora me explica o que está acontecendo?

- Você ainda não entendeu filha? Você está aqui comigo. - Ele sorriu, um sorriso frio.

- Você está louco. - Lutei intensamente contra o vidro que me prendia naquela caixa.

- É em vão lutar contra isso Júlia, você nasceu pra ficar junto a mim filha, até a eternidade.

- Alguém me ajuda, por favor! - Já não tinha mais forças pra empurrar e nada rompia aquele vidro, aos poucos fui me sentindo mais ofegante, com falta de ar.

- É em vão lutar Júlia, vem comigo e eu te mostro com sair disso, de tudo isso. - Ele estendeu a mão em minha direção, e por um segundo vi nele uma chance de sobreviver e sair daquela caixa e daquela sensação claustrofóbica.

- Não! Não! Nao! - Eu voltei a lutar contra o vidro. - Isso é um pesadelo! Você não é real! Você está morto!

- Júlia! Filha, ei Júlia está tudo bem, está tudo bem. Se acalma! - Escutar a voz do meu pai, do meu pai de verdade me deu um alívio imenso.

O Fruto do Pecado - Livro IIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora