Capítulo 45: Esclarecendo o passado.

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- Júlia! Já te disse que isso não é assunto para o momento! - Mãe.

- E quando vai ser o momento certo pra isso mãe? Quando ele vier falar comigo?

- O almoço não é o momento Júlia!  - Ela aumentou o tom de voz.

- Nunca é o momento mãe, quando o cara estava me seguindo e eu não o reconhecia "não era o momento", quando eu me acidentei porque o cara surgiu dos quintos dos infernos "não era o momento", e agora que eu vou ter que me mudar porque pelo visto não posso estar no mesmo lugar que ele ainda não é o momento? Quando vai ser a merda desse momento?

- Olha como você fala comigo mocinha, ainda sou sua mãe e você tem que me respeitar. - Dei de ombros. - Por que você quer tanto saber sobre ele? Ele sumiu a tantos anos, por quê isso agora?

- Eu quero saber por quê ele sumiu? Por que ele voltou? Caramba isso não é só sobre vocês, deixem de ser egoístas.

- Júlia escuta sua mãe, ainda não é o momento pra essa conversa. - Pai.

- Espero que quando for o momento eu não esteja quase pegando um carinha e ele me fale que é meu irmão. - Revirei os olhos. - Fala sério, esse relógio de vocês está com um sério defeito, vocês não conseguem enxergar o timing das coisas. - Bufei. - Perdi a fome, com licença. - Me levantei, não muito rápido da mesa e fui me retirando.

- Onde você pensa que está indo? - Mãe.

- Para o meu quarto, não é como se eu pudesse pegar meu skate e sair por aí sem rumo. - a) porque eu não tenho mais um skate b) porque no momento ainda estou sem joelho pra isso.

Fui subindo as escadas devagar, com o joelho bom a frente pra não forçar o de trás e consequentemente sentir dor. Quando finalmente cheguei no meu quarto me joguei na cama e fui mexer no meu celular, haviam algumas mensagens do Guilherme, outras do Gabs, um pedido de desculpas do Vitor e eu ignorei as três e joguei meu celular pra escanteio.

- Posso entrar? - Era a minha madrinha.

- Não é como se eu pudesse te impedir não é mesmo?

- Não. - Ela se sentou ao meu lado na cama. - Quer conversar?

- Você vai me dizer o que eles tanto temem me contar?

- Obviamente não. - Sorriu. - Eu adoraria na verdade, sempre odiei essa mania que sua mãe têm em esconder as coisas, mesmo ela sabendo que o resultado é sempre desastroso. Mas eu infelizmente não posso tomar frente de uma história que não é minha.

- Por que eles tem que dificultar tudo? Eu não sou mais aquela menininha de três anos de quando o meu pai sumiu do nada. Bom a essa altura do campeonato desconfio que ele não sumiu do nada, não é mesmo tia Mari?

- Não Jú, ele não sumiu do nada. O Pedro fez coisas muito erradas e pagou por isso nos últimos quatorze anos. Ele teve seus motivos passionais mas nada justifica as atitudes que ele teve no passado.

- Marina! O que você pensa que está fazendo? - Era a minha mãe.

- Fique calma Manuela. Não estou dizendo nada demais pra Jujuba, mas se eu fosse você apenas me escutava uma vez na sua vida e parava de esconder as coisas dos outros. - Deu de ombros. - Vai ser um baque pra ela, mas sei que ela é forte suficiente para superar tudo isso. - Aninhou meus cabelos.

Pelo menos alguém nessa família não me vê como uma porcelana.

- Deixa a gente sozinha só alguns minutinhos. - Mãe.

Tia Mari apenas concordou com a cabeça e saiu do meu quarto, minha mãe então fechou a porta do meu quarto e se sentou ao meu lado na cama.

- Me assusto toda vez que percebo que você está crescendo. - Sorriu nervosa. - Sua tia Mari tem razão, eu tenho uma mania difícil de controlar que é  omitir as coisas, nunca fiz isso por mal, na maioria das vezes foi com intenção de proteger quem eu amo, no caso você e o Miguel.

O Fruto do Pecado - Livro IIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora