Capítulo 54: A prova de fantasmas.

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Não! Não! Não! Não!

Ele não! Que diabos ele está fazendo aqui? E por que diabos depois de tanto tempo eu estou sem reação? Eu estava imóvel com meus olhos fitando os dele, que deveria estar em "transe" assim como eu estava até porque não desvencilhou seu olhar do meu por nenhum segundo.

Não! Não! Para de bobeira Júlia, esse cara não deveria te causar nenhuma reação, tão pouco te deixar sem nenhuma.

Foca!

Respira e foca.

- Olá, como vai? - Disse estendendo a mão pra lhe cumprimentar torcendo pra ela me obedecer e não começar a tremer.

- É-oi, oi estou bem e você?

- Tudo jóia, já iniciaram a conversa Paulo? - Me sentei na cadeira ao lado do entrevistado.

- Já sim, e olha é o melhor currículo que analisei até o momento. - Merda! Deveria ser o pior e eu não teria gasto algum pra convencer Paulo a nem cogitar a contratação dele. - Olhe.

Ele tinha razão, aparentemente Gabriel assim como eu aproveitou os últimos seis anos pra se tornar bom naquilo que se propôs. Já havia concluído a faculdade, contava com vários cursos de especialização e estava concluindo a pós.

- É, não é tão ruim assim. - Dei de ombros enquanto encarava o Gabriel.

- Júlia é bastante exigente Gabriel, tenho certeza que se darão extremamente bem. - Revirei os olhos. Ele estava mesmo cogitando a contratação do Gabriel.

- O que te faz pensar que é bom o suficiente pra nossa empresa senhor Gabriel? - Arqueei as sobrancelhas o encarando mantendo uma frieza considerável, e ele respondeu olhando com uma certa intensidade no fundo dos meus olhos.

- Essa é uma empresa para os melhores não é? Pois bem eu sou extremamente bom no que eu faço, por isso aqui é o meu lugar. - Estava difícil controlar a revirada de olhos, é como se a cada palavra que saia da boca dele me fizesse lembrar como ele é um idiota.

Imparcialidade Júlia.

Aqui é seu emprego não sua casa.

Quem é Gabriel na fila do pão?

Esse cara não representa mais nada na sua vida.

Foca mulher!

- Excelente resposta meu caro! - Paulo achava ótimo jovens egocêntricos. Eu facilmente havia perdido essa disputa. O Gabriel era tudo o que ele vinha procurando nas últimas semanas nas nossas entrevistas via chamada de vídeo e hoje pessoalmente, não havia visto os olhos do meu colega de trabalho brilharem tanto com um candidato nesses dias como brilhava pelo Gabriel.

Maldito!

- E quais são suas expectativas quanto a essa vaga?

- Ser seu chefe. - Sorriu de lado.

- Pra isso vai ter que ser contratado e passar por cima de mim. - Pisquei pra ele.

- Será um prazer senhorita Júlia.

Ainda por cima é um debochado.

Não está fácil manter a imparcialidade com alguém que matei nos últimos seis anos.

- Seja bem vindo a nossa empresa senhor Gabriel. - Sorri aparentemente tranquila, enquanto parecia descontraída na cadeira batendo a caneta na mesa. - Passe no meu escritório amanhã pela manhã pra assinar seu contrato. Tenho certeza que essa é a vontade do Paulo. - Ele assentiu com a cabeça. - Agora com licença senhores, vou ter que me retirar. - Me levantei e ajeitei a minha sala. - Ah senhor Gabriel, eu não tolero atrasos. Esteja as nove horas na minha sala. Até amanhã. - Ele concordou com a cabeça e eu sai da sala do Paulo. E foi como se eu tirasse uma pedra dos meus ombros.

O Fruto do Pecado - Livro IIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora