Capítulo 8: Mas que merda é essa?

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- O gato comeu a língua de vocês? Sabem como é, quando fazem uma pergunta o ideal é que em seguida venha a resposta.

- Nó-nós não estamos escondendo nada de vocês. - Pai.

- Você não sabe nem mentir pai. - Revirei os olhos. - Anda pai, mãe. O que custa contar para nós o que está acontecendo? Por acaso mataram alguém? Roubaram não sei.

- Não fala besteiras Júlia! Seu pai e eu não estamos escondendo nada, estamos apenas tendo que discutir alguns assuntos que não são da conta de vocês dois.

- "Não sei como vou explicar isso para os meus filhos, tenho medo da reação deles quando descobrirem a verdade." - Disse imitando a minha mãe, em sua conversa com a Tia Marina. 

- Você está ouvindo conversa de adulto escondida Júlia? - Pai.

- Talvez. - Dei de ombros. - Mas hey! Para de tentar me enrolar, fugindo do assunto e me dando bronca. Nos contem a porra da verdade. - Devo ficar sem os meus dentes nos próximos instantes, mas dane-se, quero saber porque diabos eles estão nos escondendo alguma coisa, e pior porque todo esse drama.

- A boca Júlia! - Mãe.

- Caramba gente! Vocês estão pensando o quê? Júlia e eu não somos mais crianças. - Miguel. Culpa desse pirralho, que se não tivesse me interrompido, talvez eu conseguisse ouvir o segredo dos meus pais. - Logo vocês que sempre nos cobraram "um relacionamento aberto, nada de segredinhos", estão aí os dois, igual dois ladrões do banco central, escondendo o roubo pra família. Porque sério, ao menos que tenham assassinado alguém, não tem porque toda essa porra de drama. 

Esporro do fedelho de treze anos, que provavelmente vai estar comigo de castigo e sem dentes? Temos! 

- Já chega vocês dois! - Disse meu pai batendo a mão na mesa. Ui! Está bravinho o rapaz. - Se sua mãe e eu não contamos nada pra vocês, é porque não temos nada pra contar. Agora vocês dois: terminem de jantar em silêncio, e vão para o seus quartos e estão de castigo...

- Mas vamos continuar com nossos dentes na boca certo? - Disse.

- Não piore as coisas para o seu lado Júlia! - Mãe.

- Argh! - Levantei do meu lugar. - Concordo com o Miguel, e essa deve ser a primeira vez na minha vida que concordo com meu irmão, e já que estou de castigo mesmo posso falar. - Dei de ombros. - Vocês estão fazendo um drama do caramba, pra uma coisa que não deve ser nada. Então parem com esse teatrinho. Quer saber, se não querem falar nada, não falem, só parem com todo esse teatrinho.

- Você está de castigo pelo resto da vida Júlia! - Pai.

- Tanto faz. Essa conversa pra mim já deu, vou pro meu quarto. Nos vemos amanhã na escola, Gabs. - Dei um beijo em sua testa.

- Até amanhã, mas espera, eu posso terminar de jantar né? Quero dizer isso aqui está muito bom! - Disse babando.

- Tanto faz. - Dei de ombros e sai da copa, indo em direção ao meu quarto.

Fala sério!

Vou ter que ficar de castigo, devido aos meus pais se comportarem como dois adolescentes. Miguel e eu quem deveríamos ter colocado eles no cantinho da disciplina.

Que saco! 

Vou dormir é o melhor que eu faço, bom séria ótimo continuar brigando com meus pais, desde que a) isso resolvesse e b) que eu não ficasse de castigo pelo resto dos meus dias.

(...) 

Acho que o sentimento de raiva é melhor despertador que muita mãe por aí, já que hoje acordei antes do despertador do meu celular tocar, isso irá me polpar de possíveis diálogos com meus pais hoje. Pelo menos pela manhã. Só tenho dó do Miguel - bem pouquinha por sinal -, que vai ter que ir pro colégio com o meu pai. Tratei então de sair da cama, vestir meu uniforme, arrumar meu cabelo, escovar os meus dentes, pegar meu material em cima da cama e mandei uma mensagem pro Gabriel:

O Fruto do Pecado - Livro IIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora