Capítulo 16: O passado invadiu o presente.

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Estava tudo combinado entre Gabs e eu dele passar na minha casa, e daqui irmos juntos pra praça do skate. Bom, não foi exatamente isso o que aconteceu. Ele teve algum problema pra resolver na casa dele, creio que seja algo breve, já que combinamos de nos encontrar direto na praça. A final hoje tenho hora pra voltar pra casa, já que terá o jantar para que finalmente possamos integrar o Guilherme na família, a e sua mãe também.

Combinei então de me encontrar com o Gabriel, por volta de umas três horas da tarde na praça, na rampa como sempre foi. E quando cheguei lá, ele ainda não havia chegado. Algo atípico, já que sempre sou eu a atrasada.

Um dia da caça, outro do caçador. Um dia faço me esperar no outro ele se vinga. Essa é a vida.

Resolvi me sentar ali mesmo na rampa, e enquanto esperava o meu amigo, fiquei mexendo no celular.

Já estava me sentindo meio injuriada, a final o Gabs é sempre rigorosamente pontual, no entanto hoje, ele está três vezes mais atrasado do que o meu normal. Minha impaciência foi interrompida, quando senti mãos firmes tampandos os meus olhos.

Bom, essas com certeza não são as mãos do Gabriel.

- Quem é? - Perguntei.

- Não lembra mais dos meus toques Jujuba? - Vomitar é permitido nesse capítulo? Digam que sim.

Me soltei e me afastei daquele estrupício.

- O que você está fazendo aqui, Vitor?

- Bom, estava andando pela rua e vi uma gatinha sentada, aparentemente entediada, e logo reconheci e vim lhe fazer companhia.

- Antes só do que mal acompanhada. Já dizia o ditado. - Revirei os olhos.

- Para Júlia! - Ele colocou as mãos nos bolsos da bermuda jeans claro que estava usando, hum, ele fica bem bonito com essas malditas bermudas.

Para Júlia. Para!

- Para com o quê?

- Com toda essa raiva, rancor sei lá. Isso já aconteceu a tanto tempo.

- Ah para Vitor. Acha que tenho espaço na minha vida pra guardar algo por você? Ainda que seja raiva.

- Bom, pra me tratar dessa forma. Creio que sim. - Revirou os olhos.

- Vitor. Eu só estou te tratando com indiferença, porque simplesmente você se tornou algo extremamente indiferente pra mim.

- Eu não quero ser alguém "extremamente indiferente" pra você, Júlia.

- Infelizmente, ou não. Depois da cachorrisse que você e a Raíssa fizeram comigo. Meu caro, fique feliz por eu te tratar de alguma forma. Porque por mim te trataria como se você nem existisse.

- Se você soubesse o quanto estou diferente, Júlia. O quanto amadureci depois de tudo aquilo... - Revirei os olhos.

- Jura Vitor? Posso até ser a rainha das trouxianes, mas não espere que eu chegue a ponto de cair nessa história pra boi dormir né? Sério.

Espero mesmo que eu não seja trouxa a esse ponto.

- Bom, estou sendo sincero. - Está sendo ator isso sim. - Mas sei que não é obrigada a acreditar em mim, já te fiz muito mal.

- Fez mesmo. - Arqueei as sobrancelhas. - Mas você foi covarde o suficiente pra ir embora antes de ver o estrago que causou Vitor. Mas isso, assim como você, são águas passadas na minha vida.

- Tudo bem, Júlia. Não vou insistir nisso. Mas caso algum dia, você parar e ver que eu mereço uma segunda chance. - Sorriu de canto.

Odeio essas pessoas bonitas com sorrisos bonitos. Elas são desconcertantes.

O Fruto do Pecado - Livro IIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora