Capítulo 38: Preciso dizer que agora é só você?

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- É-oi Vitor. - Disse me soltando do Gabriel.

- É oi Vitor. - O Gabriel revirou os olhos.

- Podem voltar onde estavam não queria atrapalhar essa reaproximação de vocês. - Disse cruzando os braços na frente do corpo.

Notavelmente ele está com ciúmes.

- Para Vitor! Não é nada disso que você está pensando.

- Eu não estou pensando nada. - Levantou os braços. - Eu assisti mesmo.

- Ah como é bom ver o manezão com ciúmes de mim. - O Gabriel bateu a mão no ombro do Vitor. - Mas não posso ficar aqui assistindo essa "dr" de vocês. Sabe como é, tenho mais o que fazer. E quanto a você mocinha. - Veio para o meu lado. - Fique bem. - Me abraçou. - Me conta se qualquer coisa, sabe, de novo, acontecer.

- Tudo bem, e obrigada Gabriel. Não sei o que teria acontecido se não fosse você aparecer. - Me soltei dele.

- Lembre-se: vou cuidar sempre de você. - Me deu um beijo na testa. - Até mais. - Sorriu. - Até mais pra você também manezão. - Deu um tapa na cabeça do Vitor.

Acho que no fundo esses dois se amam.

Ele então se foi, e assim que ele virou a esquina o Vitor passou a me encarar e depois foi saindo, andando, balançando a cabeça negativamente.

- Espera Vitor. Não sai assim poxa, vamos conversar.

- Onde você estava com aquele cara Júlia? Fiquei preocupado quando não retornou minhas ligações e nem minhas mensagens, venho na sua casa e nem seus pais sabiam onde você estava. Fico igual um bobão te esperando aqui, pra te encontrar abraçada com o Gabriel? Qual foi Júlia?

- Desculpa, aconteceu uma série de coisas e eu não vi sua ligação. Na verdade mal sei cadê o meu celular.

- Quês coisas?

- Calma, eu vou te contar tá legal? Mas não aqui. Não quero dar chance dos meus ouvirem o que tenho a dizer.

- Tá, agora você me deixou um pouco assustado.

- Vamos sei lá, na praça? No caminho eu te conto.

- Não, não vamos pra praça. Bem capaz de encontrarmos o seu "amiguinho" por lá. - Revirei os olhos. Espera até ele saber que realmente voltei a ser "amiguinha" do Gabriel. - Vamos! Eu já sei um lugar tranquilo que podemos ir.

Apenas assenti e o segui até o seu carro. De onde partimos em silêncio por um trajeto de uns vinte minutos. Até chegarmos à beira de uma lagoa.

- Então Júlia, me conta o que aconteceu. - Nos sentamos às margens da lagoa e eu fiquei encarando suas águas que refletiam o início do anoitecer.

- Meus pais não estão de tudo loucos. - Bufei. - Realmente existe uma pessoa, alguém está me "seguindo". No início, ontem a noite apenas pensei estar paranóica, mas hoje de manhã fui ao clube - Obviamente omiti todos os fatos onde me encontrei com meus amigos, tive uma conversa com o Gabriel e afins, afinal essa conversa é sobre outra coisa. - Quando fui embora por volta de uma hora mais ou menos, ouvi passos me seguindo. - Arrepiei ao lembrar. - Pensei que estava ficando louca, quando olhei pra trás e não vi ninguém, ainda tentei me convencer que era normal ouvir passos ali, eu estava em uma avenida. Pessoas andam em avenidas. - Ele me olhava atento, ainda com a cara um pouco amarrada, mas sentia preocupação no seu olhar. - Voltei a andar e os passos ficaram ainda mais fortes e perto, comecei a correr e o ser também começou. Foi quando por acidente trombei no Gabriel.

- Um "anjo-protetor" em? - Arqueou a sobrancelha.

- Bom, nesse caso ele realmente foi. O Gabriel me tirou dali, eu estava desesperada Vitor, aquele homem ia me alcançar e Deus sabe o que aconteceria.

- Como sabe que é um homem, me disse que quando olhou pra trás não viu ninguém?!

- Gabriel me levou embora dali, e quando já estavamos a uma distância considerável daquele lugar eu criei coragem de olhar pra trás. Ele estava lá. Não consegui ver direito seu rosto, por causa da distância mas ele acenou com a mão, um tchauzinho sei lá. E depois eu não vi mais ele. E foi isso.

- E daí o Gabriel te levou pra sua casa? Porque da hora que você saiu do clube pra agora já se passaram quase quatro horas Júlia.

- Eu te conto que um louco estava me seguindo e você está preocupado em saber se eu estava dando uns beijos no Gabriel? Qual foi Vitor? Quem você acha que eu sou?

- Não, não é isso. Desculpa! Só queria saber se tinha acontecido mais alguma coisa.

Odeio quando as pessoas me taxam de boba.

- Não sei se eu já fui extremamente clara com você Vitor, então vou ser agora, eu não sei com quem você acha que está se envolvendo, mas contínuo tendo os mesmos princípios de anos atrás, então portanto, se eu escolhi ficar com você é porque é com você que eu quero estar nesse momento. Não tenho coragem se quer de ser traíra com você e nem com ninguém. Então se você tem medo que eu faça com você, o que você fez comigo, relaxa! Aqui não vai ter essa de "chumbo trocado não dói". - Ele estava com os olhos meio arregalados. - Se um dia, um dia qualquer eu vê que não é com você que eu devo estar eu vou chegar e te falar que não da mais. Beleza?

- Desculpa Júlia! Desculpa! Agi com um idiota agora, já sei muito bem que você não é desse tipo de garota. Desculpa! - Me abraçou e eu retribui.

Esses homens que não confiam no próprio taco. É foda!

- Mas e agora o que vai fazer em relação a esse tal homem?

- Nada.

- Como assim "nada" Júlia? O homem está te perseguindo, e você me diz que não vai fazer nada?!

- O que você quer que eu faça? Fale pros meus pais? - Ele me olhou como se aquilo fosse bem óbvio. - Não Vitor! Você já sabe que eles querem me mandar embora daqui, se souberem disso, embarco amanhã mesmo rumo ao desconhecido.

- Antes você longe segura, do que aqui com esse cara atrás de você.

- Melhor falar que me quer longe de uma vez. - Bufei.

- Não Júlia, para. A coisa que eu mais quero é ter você perto de mim, mas não suportaria que por egoísmo meu, algo de ruim me acontecesse.

- Não vai acontecer nada, tá legal?

- Quem te garante? Você está lidando com algo que nunca viu e nem sabe quem é Júlia. Não seja tão autoconfiante.

- Não sou autoconfiante, na verdade estou com medo pra caramba. Eu só não quero que meus pais me privem.

- Não sei se eu concordo com isso Jú.

- Por favor, caramba! Não vamos discutir sobre isso. Essa é a minha decisão e pronto.

- Você só me contou porque te vi com aquele carinha não é? - Ele olhou pro horizonte.

- Não Vitor, não é. Eu já estava cogitando te contar do que rolou ontem, - Tá, eu não estava. - Só não queria deixar ninguém pilhado.

- As pessoas ficam pilhadas quando se preocupam com as outras, Júlia.

- Mas eu estou bem, ei. - Abracei ele de lado. - Não vai me acontecer nada.

- Promete que se acontecer mais alguma coisa vai me contar? E vai contar pros seus pais?

- Prometo. - Talvez não.

Estou me sentindo bem falsiane, mas é que não quero ir pro tal colégio interno antes da hora e tão pouco quero meus pais ainda mais no meu pé.

- Tudo bem Jú, tudo bem. Mas se eu perceber que o cerco está fechando, não vou pensar duas vezes em conversar com seus pais Júlia.

- Tudo bem. Obrigada. - Dei um beijo em seu rosto.

- Acho que depois de ontem, mereço beijos em outro lugar. - Ele me puxou pelo braço, me fazendo cair no seu colo e me beijou.

Ficamos um tempo ali na lagoa e depois fomos embora. Vitor tratou de se certificar que eu entrasse tranquilamente em casa. E em seguida tomei banho, e apaguei.

O Fruto do Pecado - Livro IIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora