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Escapam-me por vezes os fragmentos de alguém que não conheço mas sei que sou.
Olho-me ao espelho mas nada mudou.
O mesmo olhar de desdem com que a minha mãe me presenteou.
A mesma mágoa que o meu pai me doou.

Continuo a não saber onde estou.
Choveu em mim mas nada se molhou.
Uma corrente nos meus sentimentos que só se fortificou.
Petrificado, olho para como tudo se tornou.
Baço, como a neblina que se levantou.

Sob mim, algo se tombou.
De certo que do mesmo jeito não ficou.
Por horas e horas em mim se alojou
Como se em busca de um refúgio a tudo o que se passou.

Talvez Deus vira, mas não olhou.
Mas o Diabo, esse sem dúvida alguma se deliciou.

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