cinzas.

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Hoje é o dia. O dia em que desejo desaparecer.
Hoje é o dia . o dia em que aquilo que era deixei falecer.
Por entre espadas e cinzas de cigarro mal apagado feito luar.
Hoje é por fim mais um dia que por minha sanidade te tentei matar.
Mas as palavras doem. Sim as palavras ferem.
E vou pensando em mais uma maneira de te esquecer.
Vai. Corre enquanto há tempo.
Simplesmente desaparece. Eu não quero mais olhar para ti. Vai. Porquê?
Porquê é que ainda aqui estas?
Por favor vai.
Não me vejas chorar.
Não me vejas implorar.
Vai embora se conseguires.
Ou manda-me embora. Mas desaparece dos meus sentidos.
Que turbilhão que vai dentro de mim...
Hoje é o dia. O dia em que desejei a tua distância.
Hoje é o dia em que beijei a lâmina pela última vez.
Mas minto. Pois sei bem, que última ela não é.
Por favor não me olhes mais.
Por favor morre por entre as passas do cigarro que me fizeste apreciar.
Meus pulmões estão negros. Mas meu coração simplesmente sangra.
Quero, tenho, preciso de arrancar.
Arrancar aquilo de ti que ainda tenho.
Vai embora. Vá. Vai.
Caí fora do mundo que me vistes criar.
E quanto eu te amei. E quanto eu chorei.
E quanta briga modéstia e apertada relembrei.

Vai simplesmente embora. Não me canso de tu pedir.
Quero ver ao de longe os teus passos sofridos. A paga de um coração perdido.

Vai simplesmente para outro planeta.
Deixa em paz o meu Saturno.
Sai do meu mundo.

Estou cansado de pagar um preço pelo qual já paguei demais.
Se mais tarde me arrependo. Não é mais por vontade própria.

Lá se vai mais um pouco de diamante em bruto.
Lá se vai mais um cunho arreganhado.

Morre em mim as cinzas de um rapaz queimado. Com cristais eficazes somente cortantes e algo que naturalmente eficazes em minha alma e quem sabe pele

Vai. Vai embora.
Foge. Corre se for preciso. Corre em mim, sangue velho da tormenta maré.

Corre em mim ódio puro e arrebatador. Estou a dançar sobre a chuva, arranhando cada bocadinho do meu ser.
Esta noite. Será a noite. A noite sobrenome.

Mas vai. Vai embora.
Agarra tuas conclusões e foge a sete ou oito pés.
Simplesmente vai para sul. Para norte , oeste ou noroeste, quem escolhe és tu.

Mas vai para longe. Longe de mim
Vai embora sem hesitar. Nem ouses para trás olhar. Vai outro ser amar.
Vai outro ser matar. Não eu. Não ninguém. Se queres matar. Mata quem tu uma vez fostes.
Mas de certo que já o fizestes.

Morre. Vai embora. Seu invólucro sem fé.
Está a doer. Bem no meu peito. Está a apertar. Está a sangrar..
A chorar se preferires.

Mas vai.

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