Isqueiro

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Rodei o isqueiro umas três vezes nos dedos antes acontecer,
Pus de lado os medos ainda antes de me acender, deixei - me de pensamentos lerdos e fiquei a mirar o arder,
Sem queimar mão, sem desprender o olhar, sem reter informação ou deixar o maldito coração me dominar,
Se acabo sempre por me esquecer que só te lembro neste bar.
Levei ao lábios o fruto dos meus últimos dez minutos, puxar no fumo o lume dos segundos que vi borbulhar, no confuso pára lá do cume onde vimos o sol pousar.
Encho o peito, deixo-o afogar, que se fosse ouvir o peito, receio o o contexto do seu transpirar
Fecho os olhos e à primeira só assume o relembrar, se os voltar a fechar, ias ver-me cansado, do teu lado,
Debaixo do estrelado, onde enrolar o meu não era mais complicado, em cada bafo que dava tentava deixar recado
E tu rodas o isqueiro encarnado, era capaz de jurar que de tanta roda o gás estava já esgotado, mas talvez o tenhas calibrado, faz parte do nosso ser alcançar sempre um resultado, assumo-o e bazo só para te acender nos meus dedos outra vez e outra vez até perder conta dos reais porquês, desde da insignificância à sensatez, a ligeira timidez que gera tanta ânsia
Intrépida essa lança, com que lanças as cinzas pra fora da nossa fogueira, quando disse que não ofendia o teu cheiro não falei por brincadeira, se fumei sozinho até aqui não me hão de me tirar a passadeira, e se quiseres fumar junto sabes onde fazer bandeira.

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⏰ Última atualização: May 20, 2023 ⏰

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