de que me serve viver?

3 1 0
                                    

Vou pintar flores nas esquinas das ruas.
Vou cantar melodias para os surdos, vou falar para os mudos e esconder-me dos cegos.
Vou simplesmente correr nu nas colinas verdejantes.
Vou nadar nos riachos para molhar a roupa de domingo.
Vou queimar searas para ver as línguas de fogo dançar no ar.
Vou voltar para o meu país com uma mala cheia de nada, para lhe por mais nada, e deixá-la abarrotar,
Vou largar o sentido à vida e perder-me entre os loucos.
Vou voar rente ao chão e deixar a cabeça por entre as nuvens e se alguém perguntar onde a deixei ficar, direi que Cavei um buraco no chão. Direi que a escondi fora do furacão.
Vou fazer amor só por fazer.
Vou amar para me sentir vivo.
Vou odiar para me esquecer
E talvez vá dominar terras de outros senhores e aclamá-las como minhas.
Vou rasgar a minha própria carne para vislumbrar o sangue a escorrer.
Vou fugir para as cidades, e viver como celebridade.
Vou fingir ser o que não sou e provar o amargo na boca.
Vou beber até cair para me deixar enlouquecer.
Vou gritar às pessoas, para ver se me ouvem.
Vou lutar com os atletas para saber o que se sente na cama do hospital.
Vou deixar que me cortem que me amassem e que me iludam.
Vou buscar a cabeça que estava para lá dos céus.
E vou arrepender-me de tudo uma e outra vez.
Vou por as mãos nas brasas do fogareiro.
Vou afogar-me nos meus pensamentos e vou escrever até morrer.
Vou orgulhar meus pais e deixar meus irmãos ao acaso.
Vou tropeçar no amor e cair na mais bela paixão.
Vou encontrar os vidros partidos debaixo da minha cama e da-los de comer a quem me arruinar.
Vou sentir o remorso.
Vou desistir e voltar a emergir..
Vou viver.
Vou morrer.
E depois. Viverei denovo.
Pois foi para isso que nasci.
Viver.

Azure. Onde as histórias ganham vida. Descobre agora