Mera Borboleta Hesitante.

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Mas eu sou uma borboleta.
E tu uma viúva negra em hesitação.
Brincas com uma teia no coração.
E o que é normal para ti, é terror para mim, e vice-versa.
Sim, sou uma mera borboleta. Algo que veio de passagem. E distraída, Pousei na tua teia. Fizeste de mim, prisioneira nos teus dedos, mas fugi com um ou dois bater de asas.
Frágil borboleta. Pairando no ar.
De todo um mundo, fui eu uma aranha amar.
Não me posso mais mover.
Pois não pretendo deixar de viver.
Não posso eu, mais que tu alguma vez fizeste.
Não quero ser, alimento de verão nessas mandíbulas a que futilmente, um dia ousaste chamar lábios.
Sou apenas mais uma borboleta. Mais uma das vítimas a quem arrancas-te a vida.
Mas como disse. És viúva hesitante. Sem qualquer não destruidor
Nunca te ocorreu, ser eu capaz de voar. Mesmo sem asas ou vontade de amar.

Sou uma borboleta. E tu já não passas de percevejo. Caças na noite para me iludir. Sabendo que em ti não vou mais cair.

Sou borboleta inconstante sem cor definida.
Como uma bala trespassada ao longo do teu ser.

Num efeito acertado vou voando para longe.
Há espera de quem já me fez ver o luar. Há espera de ti. Sem imaginar, que nunca mais vens. Que vou ficar assim no mundo de ninguém.

Sou uma mera e frágil borboleta. Com força de formiga e olhos de toupeira.
Quis ser centopeia. Mas de nada me vale a vida alheia. Quis ver o mundo e exprimentar a dor. Conhecer o grandioso amor.

Mas uma pequena borboleta, mal consegue voar. Talvez me torne mariposa assim que lá chegar.
Quem sabe portanto, se ainda sou casulo.

Borboleta hesitante, outrora grande amante. Sofre sem se arrepender.
Vive simplesmente, para morrer.
Borboleta amiga e pobre enraivecida, medo de ser. E vontade de conhecer.
Dor de ver, e força para aprender.
Mera personagem. Uma borboleta inconstante. Voando numa estante, ao longo de ti.

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