O Círculo

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Cínico o ciclo que se instalou
No meu castelo, e eu feito bruguelo, de vez em quando de sorriso amarelo, ingénuo, incrédulo.
Chegou e os portões escancarou,
E tudo se modificou
Já não sei quem aqui me deixou,
Se fui eu quem escolheu este círculo,
Esta geometria sagrada, da qual, sei perto de nada
Deixa-me pouco ar neste cubículo, e com a garganta arranhada, não sou mais que a gaveta onde está guardada.
Trapaças e incertezas e algumas resistências, como se as situações não fossem as mesmas, e não voltasse tudo ao ponto de chegada, que por sua vez é partida, porque no círculo, não há corrida.
Cego fácil e perco a paciência, nunca o presente foi a persistência, a continuação,
Mas até já cansei da latência, da carência e das regras invisuais da paixão
Num frenético "xiu coração", para que me torne céptico,
O que quero ou quem, foge-me sempre pelos dedos, não planeio, destas emoções não me sinto o arquiteto.
Desejei um outro mundo não meu, mais que algumas vezes,
Não fazia parte da fotografia, era dono das horas, nunca dos meses.
O ciclo torna-se mania.
E se não sinto a magia, será que realmente importa? Sairei eu da cerpa torta?
Ou devia aceitar a derrota?
Não, não, creio num dia a vitória,
Mas depois desenrola-se a história e a minha fé que era tão notória, cai pra escória,
E eu, assustado, escolho outro tema,
Seria mais fácil aceitar o esquema,
Calar a boca, esquecer o teorema e evitar o problema
Talvez a voz assim não seja rouca,
Ou talvez se mantenha, pelo cigarro ou pela manha, e contando os dias em que não saio da cama, tar para aqui a bater pedras à procura da chama, de postigo em janela, mas não saio da ruela,
E não se acendem fogos no meio da lama.
A cidade é cheia de gente e parece que me grita aos ouvidos
Que eu tenho de acatar, consentir e acentar e andar por cima destes vidros,
Quem sabe o círculo não seja só prós perdidos e esquecidos
Mas vá, ainda conservo um risos
Ainda olho o céu para lá dos chuviscos
Não se enganem, não lhe chamem esperança
É só o ciclo, que nunca se cansa.

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