— É perigoso usá-las aqui, mesmo que sejam de pequeno alcance, podem abalar a estrutura do prédio — responde. Descemos mais um lance de escadas e chegamos ao piso mais subterrâneo.

Aaron tira a mochila das costas e, depois de revirá-la, retira o explosivo assim que chegamos à grade. Observo a nuvem de poeira no fim do corredor.

— Lucas! — grito, mesmo sabendo que ele não vai ouvir, o alarme soa alto. Tento mais algumas vezes, Caleb faz o mesmo.

— Não adianta, Em! Eles não vão ouvir — Matt diz.

— O acesso ao túnel fica daquele lado? — pergunto.

— Sim — ele responde e sinto uma esperança surgir em mim. Espero que eles já tenham conseguido ir embora. — Quantos segundos? — Matt pergunta mostrando a granada na mão.

— Seis segundos — Aaron responde e Matt revira os olhos dizendo um palavrão. Seis segundos para explodir depois de tirar o pino. Olho para o resto do corredor e não tenho certeza se alguém conseguiria chegar ao fim em tão pouco tempo. Aaron examina a grade com cautela. Assim como Philip e Caleb, ele tem uma postura rígida de soldado, é muito intimidante. — Uma granada derruba uma porta se colocada no lugar certo, mas não vai derrubar esta grade. O Philip deve ter pensado nisso, por isso, não arriscaram sair por aqui.

— Duas não são suficientes? — pergunto, deduzindo que temos outra. Viramos os olhos para Caleb que, sem falar nada, apenas tira a mochila das costas e nos entrega a granada que estava com ele.

— Não dá pra garantir, mas podemos tentar — a resposta dele não esconde a insegurança.

— Você acha que devemos colocá-las onde? — Matt pergunta. Sinto o tempo passando enquanto continuamos na mesma situação por causa desta grade.

Aaron examina o local com atenção procurando os melhores pontos para colocá-las.

— Seis segundos é muito pouco tempo, Matt. Você tem certeza? — pergunto preocupada.

— Não — diz com sinceridade. No entanto, tudo o que vejo no rosto dele é determinação. — Mas não há alternativa.

— Você coloca uma e eu coloco a outra nestes pontos aqui — Aaron diz apontando para dois lugares próximos. Antes que o Matt possa contestar e tente assumir os riscos sozinho, Aaron se apressa a dizer: — Voltem para as escadas.

Fico olhando para ele, sem conseguir decidir se tento impedi-lo ou não.

— Agora, Em! — Matt ordena com urgência. Respiro fundo e, rapidamente, Caleb e eu fazemos o que eles pediram.

Ficamos em silêncio, a única coisa que ouvimos depois de alguns segundos são os passos apressados do Matt e do Aaron. Caleb me puxa para longe da porta e nos abaixamos e tapamos os ouvidos. Mesmo assim, o barulho é tão forte que faz um zumbido ecoar dentro da minha cabeça.

— Vamos — digo depois de alguns segundos e, assim que saímos da porta, vejo Matt jogado no canto do corredor.

Corro o mais rápido que consigo.

— Você está bem? — grito para Matt, observando-o se levantar devagar apoiando-se na parede. Ele não responde. A explosão deve ter sido ensurdecedora aqui. À medida que chego mais perto, vejo o sangue escorrer da testa dele. Meu coração acelera, eu deveria ter tentado impedi-lo de fazer esta loucura.

— Estou bem, Em — diz, tranquilizando-me um pouco. Pego a lanterna na mochila dele e observo que o corte não é profundo. Olho para o Aaron que parece ter machucado o pulso apenas.

Droga! — Matt diz olhando para o fundo do corredor. Viro-me enquanto guardo a lanterna no bolso do casaco e vejo a grade ainda de pé, apenas um buraco se formou no canto onde foram depositadas as granadas.

A Resistência | Contra o Tempo (Livro 2)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora