Capítulo 39 (Dia 8)

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Setor 3 | 10 ºC
Contagem regressiva: 11 dias

Oh, can you help me out?
Don't know who I can trust right now...
...It's a cruel world

Você pode me ajudar?
Não sei em quem posso confiar agora...
...é um mundo cruel

Porra, Nathan! Claro que eu não sou um deles. Se eu fosse não estaria tentando te impedir de agir sem pensar, porque é exatamente isso que eles querem — Matt diz e eu solto um suspiro de alívio quando o vejo baixando a arma que estava colada no peito do Nathan. Vejo a tensão no rosto de Vitor e Armon se desfazer apesar de eles continuarem com as armas apontadas para o Matt. Mas Nathan continua com uma expressão enfurecida. — Eu vou fazer qualquer coisa para impedir você de cometer suicídio. Porque voltar para a Matriz nesse momento é suicídio.

— Eu não me importo — Nathan diz com raiva tingindo cada palavra. — Eu posso morrer, mas levo o Gabe comigo — a frieza com que ele fala isso faz o meu corpo estremecer. Ele não pode estar falando sério. Eu não vou permitir que ele aja sem pensar.

— Parem vocês dois — grito me colocando na frente do Nathan forçando-o a olhar para mim. — Nunca mais diga isso! — grito com ele. — Nathan! — Puxo o rosto dele para segurar os olhos dele nos meus, mas ele tenta desviar. Não desisto até ele parar e eu me perder naquela imensidão verde.

Mas o vazio que vejo me assusta.

Pego na mão dele e o arrasto para dentro da primeira sala que encontro. Nathan não coloca nenhuma resistência, mesmo que continue parecendo determinado.

— Não vão embora — peço baixinho para Matt e Lucas antes de fechar a porta. Não quero ter que controlá-lo sozinha se ele realmente decidir ir para a Matriz.

A sala fica completamente escura sem a iluminação do corredor. Passo a mão na parede ao lado da porta procurando o interruptor e, depois de pressioná-lo, uma luz se acende fraca.

A imagem do Nathan encostado em uma mesa com as mãos na cabeça faz meu coração se partir.

Eu conheço essa dor.

Eu perdi os meus pais, sei exatamente o que ele está sentindo. Mas no caso dele é pior. Ele perdeu os dois de uma vez só. Além disso, ainda deve estar achando que a culpa foi dele, o que leva a dor para um nível totalmente diferente.

— Não torne isso mais difícil, Em — pede em um sussurro cheio de dor quando me aproximo. Eu sei que ele está juntando todas as forças para não se levantar e ir embora. Entendo que não é fácil. Nem ao menos sei o que faria se estivesse no lugar dele. Provavelmente eu já estaria a caminho da Matriz. — Eu preciso ir.

— E vai fazer o que? — pergunto. — Enfrentar o Gabe sozinho?

— E se os meus pais estiverem vivos? — a esperança dele é como uma faca sendo enfiada no meu peito. Depois do anúncio da Rainha, é difícil acreditar nisso. Ela tinha certeza que iria morrer.

— Se eles estiverem vivos, o Gabe vai mantê-los assim até você aparecer. E nós vamos, Nate, nós vamos atrás dele. Com um plano, com possibilidade de enfrentá-lo. Mas você não pode ir sozinho e despreparado — digo, mesmo sabendo que eu nunca pensaria dessa forma. Eu iria, sem plano, sem saber o que fazer.

Ele parece refletir sobre o que acabei de dizer e dá um longo suspiro. Então coloca as mãos no rosto e eu só queria poder tirar essa dor dele.

— O que eu fiz, Em? Eu os matei, eu matei os meus pais — fala com os olhos cheios de lágrimas não derramadas. Nunca pensei que o veria assim. Nunca imaginei que ele me deixaria vê-lo assim, tão vulnerável, tão destruído.

— Você não fez isso. O Gabe fez — digo sentindo a dor dele, o que faz os meus olhos se encherem de lágrimas também.

— Eu estou sozinho — começa a dizer, mas o interrompo.

— Não diz isso, Nate. Eu estou com você — olho nos olhos dele, mas ele suspira e desvia o olhar. — Eu te amo — digo e o vejo fechar os olhos e me puxar pela cintura. A respiração dele está acelerada e consigo sentir a tensão no corpo dele. Continuo repetindo para ele que o amo e sinto que isso o desarma quando ele me abraça com mais força.

— Desculpa, amor — ele sussurra, fazendo-me soltar um suspiro de alívio. — Nunca deixaria você sozinha, nunca abandonaria você no momento em que mais precisa de mim. — Nathan dá um suspiro longo antes de continuar. — Meus pais estão mortos, e não posso fazer mais nada.

Sinto uma confusão de sentimentos passar por mim. Meu ódio muda de foco. Eu nunca odiei tanto uma pessoa como odeio o Gabe por fazer o Nathan sofrer desse jeito. Talvez o odeio até mais do que odeio a Matriz.

O que ele quer?

Ficamos em silêncio por um tempo, apenas com a dor dele nos unindo em um abraço intenso. Ele não merece nada do que está acontecendo.

Não sei quanto tempos ficamos assim.

Mexo-me um pouco e sinto os braços dele me apertarem um pouco mais. Olho para a janela e vejo que ainda está escuro, mas já não deve faltar muito para o amanhecer.

— Nós temos que ir, Em — diz, soltando-me um pouco, mas sem tirar totalmente os braços à minha volta, apenas o suficiente para eu me afastar um pouco e encará-lo. — Não queria que você tivesse me visto desse jeito — fala com um olhar intenso e devastado. Já não há lágrimas, apenas dor e ódio.

— Nathan... — começo, mas ele me interrompe tocando delicadamente minha boca com o dedo.

— Ninguém nunca me viu assim — confessa, envergonhado. — Queria mostrar para você apenas meu lado mais forte, o que não se abala por nada, o que aguenta qualquer situação de cabeça erguida. — A mão dele agora desliza no meu rosto. — Mas não me importo nesse momento. Esse sou eu, com todas as minhas fraquezas, minhas inseguranças e minhas vulnerabilidades. Não quero e não vou me esconder de você. Quero que você me tenha por inteiro, amor.

Se ele soubesse o que isso significa para mim.

Ele se permite ser apenas ele comigo. Não o Príncipe ou o Líder da Resistência. Comigo ele é apenas o meu Nathan, com todos os receios e fraquezas, com todos os defeitos e inseguranças.

— Isso me faz amar mais você — digo, limpando uma lágrima que cai solitária e silenciosa no rosto dele. — Vou ser sua força quando você precisar, vou levantar você quando cair.

— Você acabou de fazer isso.

Depois de um momento nos olhando nos olhos, caminhamos até a porta.

Nathan me dá um beijo na testa, e observo ele erguer a cabeça e o olhar e a postura dele mudarem. E parecendo voltar a ter controle de tudo o que está sentindo, Nathan abre a porta.

— Vamos para a Fronteira!

It's a cruel, cruel world
No mercy left, yeah it's a cruel, cruel world
It'll break your heart and burn you down, down, down
Don't ever doubt that it's a cruel, cruel world

É um mundo cruel, cruel
Não há piedade, sim, é um mundo cruel, cruel
Vai partir seu coração e te queimar, te queimar
Nunca duvide que é um mundo cruel, cruel

(Cruel World | Tommee Profitt feat Sam Tinnesz)

É um mundo cruel, cruelNão há piedade, sim, é um mundo cruel, cruelVai partir seu coração e te queimar, te queimarNunca duvide que é um mundo cruel, cruel(Cruel World | Tommee Profitt feat Sam Tinnesz)

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A Resistência | Contra o Tempo (Livro 2)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora