Capítulo 42 (Dia 9)

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Fronteira | 15 ºC
Contagem regressiva: 10 dias

Trouble is closing in
I can feel the ground trembling
Shivers on my skin
If you shut your eyes, better hold 'em tight

O problema está se aproximando
Eu posso sentir o chão tremendo
Arrepios na minha pele
Se você fechar os olhos, é melhor mantê-los apertados

Meu sono está leve.

Acho que meu medo de acordar e não ver o Nathan não me deixa entrar em um estágio de sono profundo. Então toda vez que ele se mexe, eu desperto.

— Dorme, meu amor — diz em um sussurro quando acordo pela milésima vez verificando se ele está do meu lado. — Eu não vou a lugar nenhum.

Eu sei que posso confiar no que diz, mas mesmo assim não consigo descansar completamente.

Viro-me de frente para ele e me aconchego naquele abraço pousando a cabeça no peito dele. Levanto um pouco o rosto e tenho que conter um suspiro quando sinto o cheiro da pele dele, mas ele não consegue controlar a reação quando sente minha respiração quente.

Coloco a minha perna por cima das dele e ele me envolve em um abraço carinhoso. Assim, talvez eu consiga descansar um pouco melhor, porque não tem como ele sair sem eu notar.

Já estava quase adormecendo de novo quando um barulho me chama a atenção.

Abro os olhos esperando o Nate ter qualquer reação que me confirme que ele também ouviu, mas ele não faz nada. Depois de alguns segundos, sinto um alívio por achar que posso ter imaginado o barulho.

Mas então ouvimos passos acelerados no corredor, que fazem a madeira ranger, mesmo que ainda reste um pouco de carpete para abafar o som.

Nathan me solta em silêncio e, depois de pegar algo embaixo do travesseiro, vai até a janela. Sento na beira da cama e penso em acender a vela que ele apagou quando deitamos mas desisto quando percebo que não podemos chamar a atenção. A luz do poste entra fraca, mas é suficiente para ver o Nathan e para conseguir analisar sua postura. Ele afastou um pouco a cortina e está olhando para fora. A arma está na mão, mas ele não parece tenso. Depois de um tempo, olha para mim balançando a cabeça negativamente, indicando-me que não viu nada.

Quando solta a cortina puída e empoeirada, ouvimos de novo o barulho e agora consigo identificá-lo.

É um choro.

Um choro de criança, o que faz um arrepio passa por mim.

Ainda está escuro lá fora, mas não sei exatamente que horas são. Milhares de perguntas se formam na minha cabeça e não consigo encontrar respostas para nenhuma delas.

Levanto-me e caminho devagar vestindo o casaco moletom e vou até ele. Do lugar onde estamos, não consigo ver uma parte muito extensa da rua, por isso, quando o choro se faz ouvir de novo, Nathan segura na minha mão e, depois de pegarmos a vela, caminhamos rápido para fora do quarto.

O corredor, neste momento, parece assustador. Quando chegamos, estava cansada demais para reparar em como esse lugar é apavorante. O papel de parede está desgastado e corroído, o que apenas com a penumbra da vela o torna ainda mais aterrador.

Lucas e Matt já estão na parte de entrada da pensão tentando ver algo. Mere também está com eles enrolada em uma manta.

O choro está se aproximando cada vez mais. Mas outro barulho ainda mais assustador ecoa ao longe.

Sirene.

Ela não soa tão alto como ouvimos durante o dia, mas isso não faz com que seja menos intimidadora.

A Resistência | Contra o Tempo (Livro 2)Where stories live. Discover now