Duas Crianças

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DICA DA AUTORA: Leiam ouvindo Perfect do Ed Sheeran

Bufo irritado segurando o telefone na orelha usando meu ombro, já que minhas duas mãos vasculhavam dentro da minha mochila atrás das chaves de casa.

- Mas vocês dois não aceitam nenhuma das minhas sugestões. Assim fica difícil! – respondo – enchem meu saco pra criar a droga do projeto, mas quando eu venho com idéias vocês só me bombardeiam de "não". Qual é hyung, eu não achei que você pensasse tão diferente assim de mim.

- Não penso – Hobi se apressa do outro lado da linha – só...

- Está puxando o saco do chefe. Você nunca foi disso... a gente tem o crew a mo tempão, esse trabalho no estúdio era pra ajudar, desde quando virou tão importante assim? Não é como se nós fossemos ficar de mãos abanando se aquele idiota acabar nos demitindo só por irmos contra ele.

- Eu sei – diz derrotado – mas eu estou gostando desse trabalho mais do que pensei que gostaria. E dessa vez acho que ele realmente está certo.

- Sério? Realmente? – dou uma risada irônica e me irrito ainda mais por ainda não ter encontrado a droga das chaves – Ta bom Hoseok, fica você e ele contra mim. Resolvam o que quiserem e eu só faço, como sempre. Agora me deixa na minha porque só quero deitar na minha cama...

- Você não vai com a gente resolver os negócios da despedida de solteiro do Suga?

- Eu lá tenho autonomia pra resolver qualquer coisa? Você já está bem acostumado a resolver tudo sem mim em qualquer lugar. Vão vocês e depois me conta o que decidiram – finalmente agarro a chave embolada no meu casaco.

- Jiminie, ele é seu amigo, você não vai só por causa desse lance no trabalho?

- To bem cansado Hoseok. E você sabe como eu fico quando to irritado, minha companhia é completamente dispensável. Só quero descansar agora.

- Mas Jiminie...

- Relaxa que eu vou aparecer no casamento.

- Ta tão cabeça dura quanto a Ceci – arqueja entre dentes – bem que dizem que casais começam a ficar parecidos depois de muito tempo juntos.

- Hyung! – chamo revirando os olhos – já cheguei em casa. Se divirta com o resto do pessoal e me manda uma mensagem sobre o que vamos fazer pra despedida.

- Ta bom – depois de me responder num tom cabisbaixo nós encerramos a ligação no momento em que eu abro a porta.

Logo na entrada me livro dos meus tênis e da mochila, soltando o ar pesado e irritadiço entre os dentes mais uma vez. Porém, no momento que me preparo para deixar que a raiva me atinja mais um pouquinho uma gargalhada alta e gostosa chega aos meus ouvidos me fazendo mudar imediatamente minha expressão carrancuda. Andando de meias me aproximo com passos cautelosos e fico estagnado a alguns passos de distancia, só observando a cena.

Cecília estava sentada no chão em frente a televisão enquanto Ban se apoiava em seus joelhos no carpete. Segurando o controle do vídeo game entre suas mãos pequenas o metadinha apertava todos os botões fazendo com que o Super Mário pulasse algumas vezes na tela. Completamente descoordenado ele pausava o jogo sem querer, fazia o Mário andar alguns passos e logo morria assim que a primeira tartaruga do mal aparecia na sua frente. Resmungando sem parar, começava a apontar para a tela colorida como se estivesse entendendo alguma coisa, o que só fazia a gótica rir ainda mais.

- Não Ban! Esse botão só vai pra trás, tem que ir pra frente – ela mostra entre risadas.

Por alguma razão foi como se eu tivesse acabado de adentrar ao meu passado ao invés de simplesmente entrar na minha casa. Eu estava de volta a quando ela abriu a porta para mim pela primeira vez. O dia em que eu mal reparei em seu rosto. O dia em que nos ignoramos completamente constrangidos enquanto ela me ajudava a carregar algumas caixas sem sentido. O dia em que eu descobri seu nome foi também o dia em que eu nunca poderia sonhar que ouvir sua gargalhada faria qualquer diferença na minha vida.

Tipo Ideal Perfeito - pjmOnde as histórias ganham vida. Descobre agora