Eu tenho um dejá vú

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Apertei o contato rapidamente enquanto andava ao lado de Park Jimin sem saber exatamente pra onde estava indo, já que minha atenção era inteiramente do celular. Assim que ia colocar o aparelho no ouvido e esperar pelo primeiro toque, ele me impede encerrando a chamada.

- Jahgi, é a segunda vez que você vai ligar em menos de 10 minutos. Dá pra relaxar um pouco? O metadinha ta bem – me repreende arqueando as sobrancelhas. Logo em seguida guarda meu celular no bolso do próprio casaco.

- Mas ele é muito novinho pra ficar sem nenhum de nós dois por perto Park Jimin, não é certo – insisto com a cara já fechada.

Como é que ele conseguia ficar tão tranqüilo com tudo? Era muita confiança pra um homem só.

- Ele ta com seus pais sendo mais paparicado do que nunca. Quem diria que seu pai ia ser pior do que a sua mãe? – ele ri apertando meu nariz. Essa mania de apertar o meu nariz jamais foi embora. Sério Park Jimin, fazem 5 anos...

- Tá, mas e se ele tiver fome?

- Ele só toma mamadeira jahgi... tem leite, fraldas e tudo que ele precisa lá em casa. Se bobiar tem até o Tae fazendo mais uma visita... ele ainda não apareceu por lá hoje.

Park Jimin para de me dar sua total atenção e passa a escolher algum cereal na prateleira do supermercado. Ele sabia que eu ficaria assim até chegar em casa de novo, não adiantava o que ele falasse.

- Mas ele só tem um mês...

- Você ta assim por preocupação ou porque quer que ele precise de você o tempo todo? – Park Jimin ri mesmo recebendo meu olhar mortal – Calma Ceci... você viu meia hora da minha apresentação com o grupo, a gente só vai comprar algumas coisas que estão faltando lá em casa e em menos de uma hora estamos de volta. O Ban dorme mais tempo do que isso.

Eu não saberia dizer se meu olhar não tinha mais tanto efeito pela maquiagem ter ficado um pouco mais suavizada depois do Ban, ou se eu já tinha me tornado tão previsível que meu marido já nem ligava mais pras minhas reações bobas. Ele sabia tudo sobre mim afinal de contas.

- Deixa eu ligar só mais uma vez – peço estendendo a mão pra ele me dar o celular.

- Não Cecília, sua mãe vai te xingar ainda mais.

Ele finalmente decide colocar as duas caixas de cereais no carrinho e depois sai empurrando o mesmo pelo corredor, procurando alguma coisa que eu não saberia dizer o que era. No último mês Park Jimin é quem cuidava de tudo que faltava em casa, eu não sabia de mais nada. Só o acompanhava completamente impaciente, querendo chegar logo em casa e parar de ser tão dramática e psicótica. Minha sogra falava que era coisa de mãe, mas isso não era coisa de Cecília. No final das contas eu teria que me acostumar que essa sensação jamais iria embora.

Assim que viramos o corredor damos de cara com um casal checando embalagens de enlatados. Num primeiro momento pra mim era um casal normal, uma grávida comum e linda ao lado do seu marido. Mas depois a moça tira o cabelo do rosto e eu quase tropeço num tronco imaginário, embasbacada com a revelação. Seulgi, bem ali na nossa frente. Eu queria abaixar minha cabeça e sair correndo de lá, fingir que eu era outra pessoa, que eu vim de outro planeta ou que eu era invisível. Só que não tinha mais jeito, como sempre acontece nessas horas, ela ergue o olhar imediatamente e nos encara tão surpresa quanto eu.

Não... ninguém seria capaz de ficar tão surpresa quanto eu. Ainda mais quando ela abriu um sorriso e acenou pra nós dois. Park Jimin para de andar enquanto a Seulgi se aproxima e eu não queria que aquele "confronto" acontecesse.

Tipo Ideal Perfeito - pjmOnde as histórias ganham vida. Descobre agora