Você Não Faz o Menor Sentido

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Não foi difícil manter a palavra e fingir que nada tinha acontecido naquele dia. Cecília não era uma pessoa difícil de conversar depois que a conhecia, ela só era uma pessoa complicada quando se tratava de temperamento. Sua personalidade era muito forte e imponente, estar com ela e com outras garotas era como estar em dois hemisférios diferentes onde um lugar era quente enquanto o outro fazia frio. Eu gostava quando as garotas agarravam meu braço na escola e me chamavam de oppa, rindo de alguma besteira que eu fazia, mas também gostava do desdém da Cecília por assuntos banais e de como ela fingia estar brava o tempo todo. Acima disso tudo eu gostava de imaginar como Cecília reagiria ao lado de algum cara que ela gostasse, como as outras garotas gostavam de mim.

De vez em quando, quase sempre, me pegava pensando no beijo ainda sem entender como aquilo tinha acontecido. Era muito estranho, parecia que tinha que acontecer e pronto. Me apeguei aos detalhes mesmo sem querer. O aperto da sua mão pequena em meu braço, seus lábios finos cobertos pelos meus, sua língua quente e nossos movimentos calmos. Nada nela era somente o que aparentava ser, debaixo daquelas camadas frias Cecília vivia me surpreendendo.

Olho para o relógio do celular e percebo que já estava escovando os dentes a 20 minutos, ia em atrasar para o colégio se não corresse. Quando entrei no carro tive a brilhante ideia de buscar Céci em casa. Esse negócio de não nos falarmos na escola já estava começando a me incomodar.

Faço o caminho conhecido até sua casa tranquilamente e quando chego ela estava saindo pela porta, colocando fones de ouvido e alheia ao mundo ao seu redor. Estaciono rapidamente, descendo do veículo em seguida e correndo para alcançá-la. Quando me aproximo tiro um de seus fones para chamar sua atenção.

- Que ousadia é essa Park Jimin? – pergunta já brava – O que faz aqui essa hora?

- Vim te buscar para irmos pra escola.

- Não, obrigada. Te vejo mais tarde. – falou simplesmente recolocando o fone.

Segurei sua mão com firmeza, a puxando em direção ao meu carro.

- Estamos atrasados, chegamos lá num minuto se formos de carro.

- O que deu em você essa manhã? – despeja sua ironia sendo empurrada por mim para dentro do veículo.

- Um surto psicótico. MEU DEUS! Estou querendo dar carona a uma amiga até a escola – retruco sua ironia antes de contornar o carro e me sentar ao volante.

- Acho que estou te ensinando bem meu padawan.

- Padawan? O que? – franzi o cenho.

- Star wars. Park Jimin você tem que conhecer STAR WARS.

- Eu conheço, só nunca assisti. – falo obviamente.

- Park Jimin isso é inaceitável!!!

- Por que você ainda me chama pelo nome completo? Todos me chamam de Jimin, já está na hora de você aceitar que somos amigos.

- Eu não sou todo mundo, gosto de ser diferente.

Sorrio abertamente, na verdade meu nome completo soava como um apelido quando ela falava. Eu gostava de ouvir.

Parei agora no estacionamento da escola, pego a mochila e desço do carro já acionando o alarme. Cecília demora um pouco mais para sair e bater a porta.

- Vamos, o que está esperando?

- Vá na frente, preciso amarrar o cadarço – diz se abaixando.

Paro ao seu lado, o cadarço estava intacto.

- Eu te espero.

- Vá na frente Park Jimin – responde entre dentes.

Tipo Ideal Perfeito - pjmOnde as histórias ganham vida. Descobre agora