Jeitinho Park Jimin

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- Uau, você gosta de Ac/dc – Geun Suk se aproxima por trás de Heon, debruçando sobre o ombro do mais velho.

Geon Suk era o mais novo de todos nós. Mais novo, mais inconsequente, mais despojado, simpático, boa pinta, eclético e atirado. E tava puxando assunto com a minha esposa sobre uma das coisas favoritas dela. Cecília pela primeira vez se dá ao trabalho de erguer os olhos e encarar Geon Suk de verdade.

- Você também ouve? – pergunta surpresa.

- Com certeza. É um clássico – sorri animado, jogando charme.

Não sei se era de propósito ou se ele tava tão acostumado a fazer aquilo que já saía naturalmente, mas aquilo não tava indo pra uma direção muito agradável pra mim. Era hora de ir embora.

- A gente tem que ir... tem umas coisas pra fazer antes de ir pra casa – puxo Ceci pela mão, impedindo a conversa de continuar.

Me despeço de todo mundo com meias palavras, arrastando Cecília ao meu lado que já estava de cabeça baixa de novo. No dia seguinte iria ter que aguentar mais comentários sobre "a estrangeira" minha esposa.

(...)

Enquanto andávamos pelos corredores do supermercado, Ceci ficava cada vez mais impaciente ao meu lado. Era engraçado vê-la assim. Tudo que a gótica tinha tentado segurar durante a gravidez mal consegue esconder com o pequeno Park. Ela não sabia, mas as vezes eu a pegava olhando pra ele com lágrimas nos olhos. Não que aquilo não acontecesse comigo também, era impossível não ficar um bobão idiota quando me dava conta de que eu realmente tinha me tornado pai. Mas com a Ceci era diferente, ela não era o tipo que chora. Aquilo só podia significar que a minha trevosa estava feliz.

Eu queria me apressar também e voltar pra casa logo, ficar só nós três sem mais nada pra fazer. Sem contar que eu precisava de um banho e meu mais merecido descanso depois da apresentação. Só que assim que viramos pro próximo corredor reconheço Seulgi imediatamente. Ela não demora muito pra nos ver e eu não queria ser rude nem nada, até porque já tinha sido um babaca no passado, então paro pra conversar pelo menos por um minuto.

O problema é que a garota ainda não tinha perdido essa mania de falar sem parar. Sério, Seulgi era exatamente a mesma do colégio, sonhando com a vida e o marido perfeitos. Pelo jeito ela tinha conseguido. Enquanto ouvia ela falar sem parar tenho vontade de apoiar as mãos no queixo e dormir como o Ban provavelmente estaria fazendo. Ao meu lado Ceci não se manifestava, nem se mexia um centímetro.

Blábláblá meu marido... blábláblá o casamento foi isso... blábláblá o bebê não demorou... blábláblá... pescando palavras aleatórias e fazendo perguntas aleatórias só pra fingir que estava interessado.

Pelo menos era bom ver que eu não havia causado um dano permanente na vida da garota, e que ela estava vivendo a vida que sonhou viver desde o começo. Aquilo definitivamente não era pra mim... já estava me dando sono só de imaginar minha vida inteira comigo preso num comercial de margarina com a família perfeita. Eu não enjoaria nem da margarina, enjoaria da felicidade de mentira.

- Seis meses... já estamos na metade do caminho – Seulgi fala sorridente, colocando a mão na própria barriga.

Ela tava falando do bebê... legal, entendi...

- Eu e a Ceci já passamos... – antes de completar a frase, Cecília nada sutil belisca meu braço com força sobre o casaco me fazendo sorrir sem graça – Passamos por esse corredor antes. Temos que ir.

Tipo Ideal Perfeito - pjmWhere stories live. Discover now