Capítulo 8 - parte 3 (em revisão)

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Igor acordou com uma dor de cabeça bastante forte, semelhante a uma ressaca das grandes. Estava escuro e o chão era muito duro. Para piorar tudo, sentia-se fraco, mas logo lembrou-se da batalha contra os seres mais esdrúxulos que já viu na vida. Deixou-se ficar quieto, pensando nas criaturas e concluindo que elas só podiam ser a fonte de perigo que a Morgana falou, uma vez que as outras duas espécies inteligentes de Avalon não eram belicosas: os pequenos e os descendentes dos celtas fugitivos.

Como estava ciente de que havia sido drogado e que foi ferido de morte perguntou-se em pensamento quem o teria salvo e tratado, uma vez que estava bem vivo, tirando o mal-estar, na certa uma consequência da droga e de uma desintoxicação feita às pressas por alguém sem experiência ou com os poderes muito fracos. Como descobriu que já recuperou os seus dons, aproveitou para neutralizar a dor de cabeça e a fraqueza, lembrando-se que foi uma mulher que o salvou e que, por força da lógica, devia ser do povo celta que emigrou para a ilha. Sentou-se devagar e, como estava muito escuro, criou uma pequena, mas intensa esfera de luz, descobrindo que se encontrava em uma caverna mais comum impossível e de cuja saída não era visível ou estava oculta.

A iluminação, além de desvendar o ambiente, mostrou mais uma pessoa que dormia e Igor concluiu que só podia ser a sua salvadora. Ela, ao sentir a luz, acordou e virou-se, sentando estremunhada e semicerrando os olhos que lhe doeram com o brilho. Sem perder tempo, Igor enfraqueceu a luminosidade.

– Ailin!? – disse novamente, mas agora sóbrio. – Mas tu morreste há centenas de anos, meu amor!

– Você é de difícil compreensão, meu jovem! – afirmou ela, irritada. – Já lhe disse uma dúzia de vezes que não me chamo Ailin e que esse nome é muito comum entre nós. Você está-me confundindo com alguém e eu já saturei de ser chamada desse jeito.

– Desculpe, senhora – disse Igor fazendo uma vênia. – Mas aquelas armas primitivas deviam ter uma droga potente nas lâminas. Espero não ter dito nada impertinente ou grosseiro. Se o fiz, pode ter a certeza que jamais tive a intenção. De qualquer forma, você é de fato muito parecida com a minha Ailin, mas ela morreu há muito, muito tempo.

– Tirando que insistia em querer saber de uma pretensa filha nossa, você não fez nada demais. – Ela sorriu, mais calma. – Depois desmaiou e então consegui tratá-lo. Sou Shayla, suma sacerdotisa de Avalon. Como se chama?

– O meu nome é Igor – respondeu ele. – Obrigado por me salvar e tratar, Shayla.

– Mais um nome que está na moda – disse ela rindo. – Se meu avô tivesse visto isso, acho que riria muito. A mania que as pessoas de hoje em dia têm de usar esses dois nomes é impressionante, mas acho muita falta de imaginação. Como se sente tendo o nome do maior herói da nossa história?

– Sei, lá! – Igor encolheu os ombros e sorriu. – Não me sinto um herói. Onde estamos?

– Estamos no sul da ilha, quase a sudoeste e temos que sair daqui o quanto antes ou acabaremos mortos. Sente-se bem para andar?

– Sim – respondeu. – Só uma pequena fraqueza e meus poderes ainda não voltaram com força total, mas acho que passa logo. Preciso de um pouco de sol.

– Então vamos que temos que chegar ao templo.

– Vamos sim, que preciso muito de encontrar a minha filha. Shayla, a senhora não imagina a saudade que me dá da Ailin cada vez que olho para si. A semelhança é impressionante!

Shayla começava a se irritar cada vez que ele falava isso, mas controlou-se. Aproximou-se de uma parede e fez um gesto simples que neutralizou a ilusão de ótica que criara para os ocultar das feras. A forte luz de fora entrou e Igor sentiu-se logo melhor, seguindo atrás da sacerdotisa.

O Mago e a Sacerdotisa de AvalonWhere stories live. Discover now