Capítulo 10 - parte 2 - (em revisão)

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Igor caminhava pela mata, mantendo os sentidos alerta para não ser surpreendido e notou que um grupo de seres do povo pequeno seguia atrás dele, observando escondidos, talvez por ordem da Irla, que se preocupava com ele.

Ele já concluiu que os invasores não ofereciam maiores riscos desde que não se aproximassem demasiado, quando começavam a sugar a força dele. Pensava que o grande problema era o fator psicológico, pois além de serem feios de doer, inspiravam muito medo.

A parte mais perigosa ia começar em breve, quando estaria fora da floresta e em território das criaturas. Avistou um rio que seguia naquela direção e achou uma boa ideia ir por ele.

A floresta terminou quase que de imediato, sem transição visível e ele viu uma pradaria com cerca de um quilômetro de extensão. Pegou um pouco de água e bebeu com a sua calma proverbial enquanto observava o caminho. Após o campo, começava a região montanhosa e era ali a grande fonte de perigo.

Ainda tinha bastante chão pela frente e levantou-se após molhar o rosto, retomando a caminhada pela beira do riacho.

Pelos seus cálculos, a ruptura planar já ocorreu há umas seis horas e a manhã já tinha passado da metade quando entrou na região montanhosa. Tudo era silêncio e calma até que começou a subir um pequeno morro. A primeira coisa que viu foi alguns bandos errantes daqueles monstros, como se procurassem alguma coisa e concluiu que eles deviam ser sensíveis aos plânions. Isso deixou-o pensativo e preocupado.

Olhou em volta para ver se corria riscos e concluiu que ainda não o tinham visto ou pressentido e, a seguir, procurou o riacho porque se afastou dele para a subida.

Encontrou o córrego sem dificuldade, ainda mais porque um grito agudo chamou a sua atenção para aquela direção. Abaixo do morro, do outro lado, estava uma camponesa cercada pelas criaturas. Toda esfarrapada, ela pegava pedras e atirava nos homens-mola, desesperada e com aparência muito frágil, mas era uma tentativa fadada ao fracasso e o mago sabia muito bem.

Igor começou a correr e como não podia arremessar uma esfera ígnea sobre eles porque atingiria a mulher, pegou a espada. Ao contrário do que ele pensou, as criaturas cercaram-na e, em vez de a matar, pegaram nela que parou logo de se debater, ficando primeiro apática e, depois, desfalecendo. Com uma tentativa louca e até suicida, ele desmaterializou de onde estava e surgiu à frente das criaturas, atacando uma delas com a espada e aproveitando o fator surpresa. Havia três que estavam afastados o suficiente para não haver risco de ferir a mulher e ele carbonizou-os com a esfera de plasma, enquanto trespassava mais um com a espada.

Foram exatos quinze segundos de luta e agora estava apenas ele, a mulher e a criatura que a levava. Igor vacilou, mas sabia que não podia perder tempo porque chegariam logo reforços. Ergueu a espada acima da cabeça, aproveitando a vantagem da altura do monstro, que era muito maior do que ele, e cravou a arma na sua garganta, soltando-a e arrancando a mulher dos seus braços que amoleceram logo a seguir enquanto o invasor caia morto.

O mago tentou fugir, usando o seu dom peculiar para se transportar com a vítima, mas não conseguiu porque ficou tempo demais perto das criaturas. Sem preder tempo, soltou uma praga pesada e começou a correr morro acima para tomar distância de forma a recuperar os seus poderes. A meio do caminho, voltou a sentir toda a sua força, parando. Olhou em volta e viu que a montanha ao fundo tinha cavernas que só seriam acessíveis voando. Não pensou duas vezes e saltou para uma delas, deitando a mulher no chão, bem ao fundo para não haver riscos para ela, uma vez que a queda seria fatal. Depois, foi até à boca e viu as criaturas aproximarem-se dos cadáveres. Ergueu a mão e a espada, que ainda estava cravada no corpo do último muscolin morto, desapareceu para retornar ao legítimo dono sem que os estranhos seres se preocupassem com o fenômeno, o que o levou a ter sérias dúvidas sobre a capacidade intelectual deles. Após, jogando pelo seguro, criou uma ilusão que faria qualquer um pensar que a caverna não existia.

Mais tranquilo, retornou para perto da camponesa e projetou uma luz intensa, mas difusa. Materializou alguma palha e um pano em cima, improvisando uma cama. Pegou na moça ao colo e deitou-a com cuidado, preocupado com o seu estado.

Ela devia ter não mais de um metro e setenta e as roupas estavam muito rasgadas, quase que destruídas e que a deixavam praticamente nua, o que lhe facilitou um exame minucioso para ver se havia ferimentos ou fraturas, mas não encontrou nada. Virou o rosto da mulher para si e observou-o, notando que, apesar de estar imunda e com os cabelos desgrenhados, devia ser dona de grande beleza. Além disso, apesar de arruinadas, o pouco que havia das roupas dizia-lhe que era uma sacerdotisa e não uma camponesa.

Pensando no prático, colocou a mão na sua cabeça e a outra segurou o pulso esquerdo. Sentiu logo que ela estava esgotada até ao limite das suas forças e, se era uma feiticeira, as criaturas deviam ter-lhe sugado todos os poderes.

Tirando isso, a mulher nada tinha de errado. Igor tratou de irradiar alguma energia para aquele corpo acabado e, depois, procurou descansar um pouco porque andou durante muitas horas. Fez surgir alguma comida e água e a seguir sentou-se na boca da caverna, pensando na filha desaparecida e sentindo uma tristeza enorme sempre que fazia isso. Como estava cansado e a mulher demoraria algum tempo a se restabelecer, deitou-se e dormiu um pouco, mantendo-se atento.

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O Mago e a Sacerdotisa de AvalonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora