Capítulo 12 - parte 1 (em revisão)

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"Não penses mal dos que procedem mal; pensa apenas que estão equivocados."

Sócrates.


Ezequiel já estava muito nervoso e irritado. A sua espera contabilizava mais de dez dias e não tinha resultados. Pela primeira vez começou a cogitar a hipótese de seguir o caminho, até porque sabia que, mesmo a contragosto, Saci iria com ele e ajudaria.

Para piorar as coisas, já não tinha muitas desculpas para dar a respeito do sumiço do Igor, mas quanto a isso não se preocupava muito porque poderia apelar para os seus dons e fazer com que todos se esquecessem. Apenas o jovem William é que, às vezes, ficava um pouco irritante com as suas piadinhas e Ezequiel até já pensou em fazer uma das suas para lhe dar um susto, mas achou melhor não arriscar a chamar a atenção.

Anoitecia e preparava-se para retornar à hospedaria, quando o telefone de Igor tocou e ele agradeceu por ter tido o bom-senso de o carregar. Olhou para a tela e estava escrito: Sweet Caroline.

– "Se a Eduarda vê isso, dá-lhe logo uns cascudos de duzentos e vinte volts para ele não bancar o engraçadinho" – pensou, divertido.

– Alô, Caroline – disse, ao aparelho. – Aqui fala Ezequiel.

– "Onde está Igor?" – perguntou a inglesa, sem nem mesmo cumprimentar.

– Bem – respondeu o sábio, evasivo –, digamos que é uma história meio longa e difícil de explicar por telefone, mas Igor está desaparecido.

– "Oh, my Godess" – exclamou aflita trocando de idioma e esquecendo de falar em celta. – "Não me diga que ele foi para Avalon."

– Diria que é bem por aí, a coisa – respondeu Ezequiel. – Onde você está?

– "Estou em Stoneenge" – disse a feiticeira e o sábio notou que a sua voz era de grande preocupação. – "Por favor, me dê uma coordenada para o encontrar."

– Tem uma pousada não muito longe daí, talvez uns cem quilômetros, onde estou hospedado à beira de um lago – explicou ele, passando o endereço. – Estou retornando para lá e devo chegar em meia hora.

– "Estarei lá em meia hora. Conheço o lugar e vou abrir um portal perto do bosque do lago para encontrá-lo. Imaginei mesmo que era por aí que ficavam as coisas por causa das lendas que uma vez ouvi em criança."

– Fico aguardando, Caroline – respondeu ele. – Estarei na frente do lago; até breve. Vamos Saci, vamos ver em que tipo de encrenca aqueles dois desmiolados se meteram.

Sentou-se no barco e ergueu o braço. A embarcação girou devagar, apontando para o seu destino e, após poucos segundos, começou a deslizar sobre as águas do lago. Recostado, Ezequiel divertia-se a imaginar o que pensariam ou diriam se vissem isso, mas os mundanos que por acaso olhassem para o bote veriam o sábio a remar e o cão de pé na proa, como se fosse um navegador atento ao caminho. Tão logo chegou, comeu alguma coisa sem perder tempo e aguardou à frente do lago, conforme combinara.

― ☼ ―

A feiticeira inglesa sentia-se muito preocupada e apreensiva por causa das últimas pesquisas que fez e temia que algo de ruim acontecesse ao seu melhor e mais querido amigo. Foi a Stoneenge apenas para se orientar, mas já devia ter desconfiado que tudo o que procuravam estava no famoso hotel fazenda, confirmado por Ezequiel. Ela já lá esteve quando criança e ouviu os rumores sobre Avalon e os Cavaleiros da Távola Redonda. Como sabia que muitas vezes tais rumores eram fundamentados na verdade ou em lendas antigas, como o caso em que estava envolvida, não se surpreendeu nada em saber que era ali que estariam, mas nunca imaginou que o amigo e soberano fosse arriscar uma passagem sem antes estudar bem a passagem, uma vez que já sentiu na carne o que era abrir um portal para o local errado.

O Mago e a Sacerdotisa de AvalonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora