Capítulo 6 - parte 1 (em revisão)

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"A esperança é o sonho do homem acordado."

Aristóteles.


"O dia seguinte correu rápido. Os observadores avançados sinalizaram que não havia riscos e cada um levou a sua vida em paz, pensando no futuro próximo. Ao cair da noite, começou a reunião na praça redonda para decidirmos de vez o que faríamos.

Eu fui a primeira a chegar, mas muitos me acompanharam até lá. Quando toda a aldeia estava presente, comecei a falar:

Então, gauleses, espero que tenham pensado bastante na minha proposta. Como nós somos muitos, vou sugerir uma forma simples de escolhermos: quem estiver de acordo vá para a esquerda e quem não estiver para a direita. Alguém deseja fazer um pronunciamento antes de começarmos?

Niall aproximou-se devagar. Ele era um homem muito velho, talvez umas oitenta estações solares o que era muito para um comum. Tinha as costas um pouco inclinadas, quase uma pequena corcunda, mas não o suficiente para atrapalhar. Seus cabelos eram todos brancos e a longa barba, bem tratada, também. Em uma das mãos usava uma bengala para se apoiar, mas enganava-se quem pensasse que era dependente dela. Colocou-se ao meu lado e os seus olhos, muito vivos e penetrantes, voltaram-se para os presentes.

Acho que devemos procurar um novo lar para as nossas famílias – declarou ele, solene. – Será uma jornada muito longa e difícil, mas valerá a pena pela liberdade do nosso povo e uma chance de verdade de vivermos com paz e prosperidade. Eu estou muito velho para enfrentar esse desgaste todo e acredito que morrerei no caminho. Por isso, ficarei aqui, mas espero que vocês sigam com Morgana a Bela, nossa chefe.

Quem ficar será morto, Niall – disse Breno, aproximando-se e colocando a mão no seu ombro. – Na jornada, pelo menos, poderemos ajudá-lo e dar-lhe conforto. Não faça isso.

Não ficarei aqui – insistiu o ancião. – Irei para a península no sul encontrar os nossos irmãos que emigraram para lá.

Dito isso, ele colocou-se do lado direito. Como mais ninguém falou, eu continuei:

Muito bem, irmãos. Façam a vossa escolha.

Bem devagar, o meu povo foi-se colocando. Muitos dirigiram-se para a direita, mas a grande maioria escolheu seguir comigo para Avalon. Quando pensei que haviam terminado, vários dos que escolheram ficar mudaram de ideia e, no final, apenas dez pessoas decidiram não ir. O meu grande espanto, entretanto, foi ver a minha filha Myrna no meio, nem de um lado, nem do outro.

Ela era muito parecida com a avó, tanto na aparência quanto na determinação e muitas vezes, ao olhar para ela, sentia que era como ter a minha mãe comigo de novo. Devagar, dirigiu-se até mim, apenas parando a um passo. Seus cabelos, brilhantes como a luz do sol, ondulavam suaves. Quando parou, ergueu o olhar e eu soube tudo o que Myrna desejava me dizer através dos seus olhos da cor do céu que reforçavam ainda mais a lembrança da minha querida mãe.

Mãe, pretendo ficar e seguir para o sul onde estão meus irmãos porque alguém precisa de saber o que vai acontecer, nem que seja em segredo. Apesar de não ser tão poderosa quanto você, estou em condições de proteger o nosso povo que ficará e não é justo para os outros que já foram para o sul pensarem que todos aqui estão supostamente mortos.

Meu coração ficou apertado, porém minha filha era uma sacerdotisa adulta e tinha esse direito porque ninguém mandava em uma sacerdotisa exceto a suma sacerdotisa, mas eu não a desejava impedir. Eu sabia muito bem que não a convenceria a mudar de ideia, até porque ela tinha toda a razão. Devagar, estendi-lhe os braços e tomei suas mãos, puxando-a para mim em um abraço forte. Quando nos afastamos, pus algo na sua mão e sorri. Depois, falei:

O Mago e a Sacerdotisa de AvalonWhere stories live. Discover now