Capítulo 17 - parte 5 (em revisão)

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Os dragões ergueram-se de novo e partiram para o cerco, voando um pouco alto para dificultarem a mira com as armas dos invasores, demasiado primitivas. Os druidas e sacerdotisas abriram um leque amplo e iniciaram os ataques que variavam com a intensidade dos seus poderes, a maioria muito fracos, talvez de grau sete para cima. Algumas esferas de plasma, contudo, fizeram estragos na periferia, a maior parte pelos descendentes do Igor e por Kenneth que devia estar no grau dois ou até mesmo um.

De mãos dadas, Igor e Morgana começaram a brilhar com as suas barreiras verdes e avançaram pelo meio em direção à entrada, desafiando descaradamente uma frente de mais de cinquenta metros de invasores. Ele olhou para Morgana e sugeriu:

– Vamos ficar invisíveis e voamos por cima deles, entrando e atacando por trás, o que achas?

– Acho que dentro da montanha deve haver tantos quantos há aqui e, se os atacarmos na entrada, ficamos no fogo cruzado, logo é melhor simplesmente entrarmos sem atacar. E devemos tentar nos comunicar por telepatia de forma a que não nos ouçam.

– "Sem dúvida que tens toda a razão, mas a telepatia é muito afetada perto deles com essa chiadeira infernal, sem falar que não sou lá grande coisa como telepata."

– "Enquanto pudermos, tentamos. O negócio é a gente se adaptar à medida que for necessário" – respondeu ela. – "Podemos começar criando uma cratera no meio deles."

– "Isso pode ser muito útil porque ajuda os nossos amigos; semeamos a confusão e entramos desapercebidos, mas vamos com calma lá dentro que temos um dos nossos, aprisionado."

– "Quem é ela, pai?" – perguntou Morgana, curiosa. – "Você ficou muito abalado, quando soube."

– "Caroline é uma amiga muito especial que tenho desde criança, quando fui estudar na Cidadela. Ela é como uma irmã. Vamos atacar?" – Igor verificou a mochila com a bomba e se estava tudo em ordem.

– "Vamos. Eu lanço duas do meio para a direita e você outras duas do meio para a esquerda."

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Eduarda prestava atenção no inimigo, mas mais ainda no marido, preocupada. Quando ela viu que Igor soltou a mão da filha, adivinhou logo o que ia acontecer. Cada um criou um par de esferas de energia ígnea bem grandes e lançaram as quatro ao mesmo tempo, uma em cada direção. Naquele anoitecer, as esferas de meio metro pareciam luminárias laranja, lembrando balões de São João e que iluminavam o campo com tons entre o laranja e o vermelho, só que, em vez de subirem, fizeram uma parábola e desceram com alguma violência, atingindo os homens-mola.

Ela ainda teve tempo de pensar que Morgana era mesmo filha dele, já que nenhum outro mago era capaz de usar as duas mãos, exceto por ele, Ailin e agora a outra filha retornada. Depois, com o deslocamento de ar causado pelas explosões precisou de se agarrar bem ao dragão ou cairia outra vez e isso não fazia parte dos seus planos.

Aproveitando a confusão causada, instigou Gwydion a fazer um rasante para assarem mais alguns dos inimigos, mas ainda viu o marido e a "filha" erguendo voo de mãos dadas para logo a seguir ficarem invisíveis.

– "Lá vão eles" – pensou preocupada. – "Só espero que voltem inteiros para mim. Morro de medo."

– "Ele voltará, Eduarda, podes estar certa disso" – disse o pássaro, com uma certeza profética.

Eduarda deitou-se sobre seu pescoço e acariciou-o, agradecida. Depois disso, intensificaram os ataques.

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Ezequiel olhava a neta e pensava de forma parecida com a filha renascida. Ele ficou muito feliz ao descobrir que Eduarda era a sua falecida Ailin, mas encontrar viva a neta e alguns descendentes dela foi uma sensação indescritível.

No fundo, o sábio admitiu a si próprio que esses mais de mil e seiscentos anos de solidão eram pesados e doíam muito, mas só se deu conta quando Igor surgiu na sua vida e provocou tamanha guinada. Agora, ele ficou dividido ao ver a neta e o genro, a quem amava como um filho, prepararem-se para invadir um local onde, se houvesse uma mísera falha com os braceletes, implicaria no fim de ambos. Apesar disso, como era um guerreiro muito experiente, não deixou de ver a oportunidade com o ataque maciço deles e, da mesma forma que Eduarda fez, pediu ao amigo para aproveitar a situação.

― ☼ ―

– Pela Deusa, Gwen, sua avó e seu bisavô juntos nem precisariam de mais ninguém para atacar esses monstros – disse Kenneth, abaixando-se para desviar de uns destroços. – Nessa brincadeira devem ter morrido bem mais de mil.

– Eu sei – respondeu Gwenhwyar, séria. – Mas se você prestou atenção no que ele falou, o nosso objetivo é desviar a atenção desses monstros do foco, que é plantar a tal bomba no outro mundo.

A sacerdotisa arremessou uma esfera de energia e logo a seguir provocou uma parede de vento, varrendo alguns atacantes para trás.

– Além disso – continuou –, a nossa missão consiste em destruir a maior quantidade possível de criaturas antes que eles terminem.

– Tá, eu sei tudo isso – disse Kenneth, rindo. – A questão é que eles talvez pudessem fazer tudo sozinhos. Eu não me importava nada de ser tão poderoso como eles.

– O estranho amigo deles tem uns poderes diferentes, mas são eficientes para destruir essas criaturas – comentou ela, apontando para Valdo. – Nossa filha Nealie disse que ele aceitou dar-lhe um filho. Espero que seja bastante poderoso.

– Seria bom, sim, mas eu achava que ele não gostava de mulheres.

– Gosta dos dois, segundo ela – comentou Gwenhwyar. – De qualquer forma, ela pediu um filho para consagrar à Deusa e ele aceitou.

– Foi muito gentil da sua parte, Gwen – comentou Kemmeth, atacando um pequeno grupo. – Eu gostei dele e do seu jeito bem sincero e alegre.

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Os ataques às criaturas ocorriam sem dificuldades e os muscolins não possuíam qualquer defesa contra os magos exceto se conseguissem acertar uma facada ou tiro em um que não tivesse barreiras. O problema real da coisa era que não havia elementos suficientes face ao grande número de muscolins, mas nem por isso se intimidavam; antes pelo contrário, atacavam com mais energia. Antes de entrarem na caverna, Igor e Morgana lançaram mais um par de esferas plasmáticas que dizimaram grandes quantidades de inimigos daquela vez nos flancos. Após isso, os druidas e sacerdotisas estariam por conta própria, mas, até àquele momento, não faziam feio.

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O Mago e a Sacerdotisa de AvalonWhere stories live. Discover now