Capítulo 17 - parte 1 (em revisão)

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"A habilidade de alcançar a vitória mudando e adaptando-se de acordo com o inimigo é chamada de genialidade."

Sun Tzu.


Igor virou-se para Irla e agradeceu pelo apoio. Gentil, a pequena fada disse:

– Cada um precisa de fazer a sua parte, Magnífico. – Voou até ficar na altura da sua cabeça. – Você é um rei muito sábio, mas hoje será o poderoso general e o salvador de dois povos. Que a Luz o acompanhe, meu filho.

Terminou de dizer isso e tocou na sua cabeça, arrancando exclamações dos outros. Igor sentiu algo bom, reconfortante, e viu que ela partilhava parte da sua mente. Foi rápido, fugaz, mas o mago viu uma pequena eternidade em poucos segundos e arregalou os olhos. Irla estava ciente de que jamais poderia fazer algo assim com um ser humano normal porque ele enlouqueceria, mas aquele jovem estava longe de ser normal e ela sabia disso. Mesmo assim, deu apenas um vislumbre da realidade. Igor afastou-se com um sorriso e foi para o dragão, subindo nele.

– Pai – disse Morgana, espantada. – Você brilhava mais que uma estrela quando ela o tocou!

Igor nada disse, apenas sorriu. Acenou para os pequenos e Gwydion ergueu-se no ar, seguido do Saci.

– "Vamos alto, Gwydion, que tenho um plano maluco para matar um monte deles de uma só vez" – pediu o jovem, usando telepatia.

– "Ok. O que foi que ela te fez para brilhares que nem árvore-de-natal?"

– "Algo maravilhoso e assustador, meu caro. Por um segundo, Irla abriu uma janela e vislumbrei uma eternidade. Gwydion, ela tem milhões de anos! Comparados às fadas, vocês dragões são bebês!"

– "Estou impressionado com isso" – disse o dragão. – "Na verdade, nós só nos damos realmente conta de como o universo é grande quando a nossa espécie, que é tão antiga e conhece centenas de milhares de mundos com vida inteligente, depara-se logo com dois que nunca viu: as fadas e esses monstrinhos."

– "É verdade, Gwydion."

― ☼ ―

O super-muscolin exultava, quando deu a ordem de ataque ao alimento. A marcha muscolin tremia o chão e ele mandou seguir um caminho novo, que parecia muito mais fácil.

― ☼ ―

– Mas que barbaridade – exclamou Igor, apontando para baixo e mostrando à filha e à neta. – Devem ser uns vinte mil. Acho que estamos encrencados.

– Pai, sinto que meus poderes não se alteraram nem fiquei apática – afirmou a filha. – A redução deles, se ocorreu, foi irrelevante e se eu enfrentava os romanos com tanta facilidade, com este bracelete, isso aí é o mesmo, talvez até mais fácil.

– Nunca se deve subestimar um inimigo, filha, mas tens uma boa dose de razão.

Shayla apontou para o oeste e exclamou:

– Olhem, tem outro grupo muito numeroso indo para ali!

– Só podem estar a caminho de atacar a cidade – comentou Igor, pensativo. – Noto que a consciência coletiva aumenta mesmo de inteligência, e muito, com a quantidade atual porque o caminho sem as árvores deve ser duas vezes mais veloz, apesar de mais comprido.

– O povo não tem capacidade de enfrentar isso tudo! – afirmou Morgana, muito preocupada. – Nem mesmo um décimo dessa quantidade.

– Vamos matá-los todos, já que não vejo outra solução possível que não envolva violência – decidiu Igor. – Gwydion, instrui Saci para que assumam a frente de ataque aqui que vamos fazer churrasquinho de monstro.

– "Perdi contato com Saci, Igor" – respondeu o dragão. – "A interferência é excessiva, apesar da pouca distância."

– Então faz a volta e emparelha com eles. Estão tão perto que nem perderemos muito tempo.

O gigante alado fez uma curva elegante e em poucos segundos planava ao lado do Saci. Igor gritou:

– Vocês preparam o cerco na montanha que nós vamos tirar a sede de conquista deles de uma vez por todas. – Apontou o exército que se afastava. – Façam um estudo primeiro e concentrem-se em um local seguro até estarem todos juntos. Assim que terminarmos, iremos até vocês.

– Cuidado, meu amor – gritou Eduarda, sorrindo e mandando um beijo. – Eu não estou pronta para ficar viúva.

Igor apenas sorriu e Gwydion deu uma guinada repentina, enquanto Saci aproximava-se do outro grupo de muscolins.

– Gwydion, temos que ter cuidado porque, nesta quantidade de elementos, eles podem ter adquirido uma real noção das dimensões e esses diabos carregam uns objetos estranhos com eles, então nada de rasantes, ok?

– "Faz sentido, Igor" – respondeu o amigo.

A uma altura de quase trezentos metros, o dragão planava sobre os invasores, fazendo voos em círculos. Morgana começou a preparar uma esfera de plasma, mas o pai disse:

– Calma, filha, que eu desejo fazer uma experiência. – Apontou para a frente e continuou. – Gwydion, pousa uns duzentos metros à frente deles que vou descer. Depois, vocês sobem e ficam por perto. Se eu pedir ajuda, ataquem e resgatem-me.

– Pai! – exclamou Morgana, aflita. – A mãe me fez jurar que eu não o deixaria fazer nenhuma loucura...

– Eu imagino, filha – Igor riu, imaginando a esposa a dar conselhos, preocupada –, mas eu precisarei de entrar naquela montanha onde deve ter muitos mais que estes aqui. Então, se algo der errado, aqui tenho maiores chances de sobreviver e escolher uma tática mais adequada.

Gwydion pousou no local desejado e o mago desceu. As criaturas viram, mas mantiveram exatamente o mesmo ritmo lento que usavam. Quando o dragão decolou, o jovem começou a andar em direção ao bando. Ele viu pegadas na areia e descobriu que foi por ali que Eduarda veio. Olhando o solo, teve uma ideia e virou as palmas das mãos para baixo, continuando a andar enquanto irradiava a sua energia em um leque bem aberto e, com isso, transmutando o piso, que mudava em toda a sua largura.

― ☼ ―

Morgana estava agoniada ao ver o pai sozinho e de frente para a multidão que avançava na sua direção. Por isso, não tirava os olhos dele por um segundo que fosse e estranhou muito quando o chão começou a ficar preto a cada passo que ele dava, franzindo a testa e ficando bastante parecida com Eduarda.

– Gwydion, o que é isso que ele faz? – perguntou.

– "Não sei, mas, com toda a certeza, trata-se de uma armadilha para os muscolins. Temos que aguardar porque, nesta distância, já não posso comunicar com ele. Há interferência demais"

Mãe e filha observavam Igor, as duas de mãos dadas e preocupadas ao extremo. Naquele momento, ele encontrava-se a não mais de vinte metros das criaturas e foi quando ergueu uma barreira de proteção, mas não era o tradicional verde e sim um tom púrpura e bastante brilhante. Shayla, espantada, apertou a mão da mãe para lhe chamar a atenção:

– Mãe, olhe a barreira dele! – exclamou ela. – Nunca vi uma dessa cor!

– Nem eu, filha – respondeu Morgana. – Sempre achei que a verde era a mais potente, mas essa deve ser mais forte com toda a certeza, do contrário ele usaria a outra, como fez na cidade durante o combate. É mesmo verdade que meu pai é cheio de surpresas. Bem que minha mãe dizia que, "quando a gente menos esperava, ele vinha com algo novo."

– Foi bom ele aparecer – disse Shayla, sem esperar resposta.

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O Mago e a Sacerdotisa de AvalonWhere stories live. Discover now