Capítulo 8 - parte 2 (em revisão)

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A sacerdotisa sentiu um alívio enorme assim que conseguiu abrir a passagem após tantas dificuldades e fracassos. Tentava criar um portal de volta para Avalon fazia alguns dias e sempre falhava, além de precisar de se manter longe das criaturas das trevas que até pareciam farejá-la à distância, talvez sentindo a emanação dos seus poderes. Ela sabia que foi leviana, especialmente quando a arte de usar os planions estava um tanto quanto esquecida naquela ilha, mas não se importava desde que finalmente lograsse voltar para casa. Para sua sorte, daquela vez nem mesmo necessitou de fazer esforço. Sem perder tempo, antes que algo mudasse e o portal desaparecesse, atirou-se para a frente e atravessou a passagem. Mal chegou ao outro lado, ouviu um estrondo forte e perdeu o equilíbrio, caindo com se tivesse sido vítima de um tremor de terra. Levantou-se sem perder tempo e olhou em volta, descobrindo que estava em ponto muito perto do sul, uma região fronteiriça entre a terra do povo pequeno e as regiões perigosas e proibidas para o povo comum por causa das feras, mas, para ela, não existiam proibições, embora todos na ilha, inclusive as sacerdotisas e druidas, evitassem o local uma vez que poderiam perder a vida.

Por isso, tratou de sair dali caminhando a passos largos porque sabia que, se as criaturas aparecessem, seria uma sacerdotisa morta e estava ciente de que não tinha força suficiente para os destruir, ninguém tinha, fosse druida ou sacerdotisa.

Enquanto andava, pensava nos acontecimentos dos últimos dias e se alguma vez conseguiria encontrar Morgana a Bela, desaparecida cento e cinquenta anos antes. Segundo Irla, Morgana tinha penetrado no mundo das criaturas para destruir a passagem, mas, ao que parecia, ela ficou presa lá.

A sacerdotisa tentou criar uma via paralela para ajudar a outra a voltar, mas ela não tinha prática nem conhecimentos sobre portais porque, naquela ilha, essa capacidade ficava afetada nos que tinham o dom, além de não haver necessidade. Como resultado, acabou perdida e presa no mundo das criaturas de pesadelo por quase dez dias. Decidiu que voltaria para o templo das sacerdotisas antes que a sua filha ficasse demasiado preocupada e mudou um pouco o rumo em direção ao leste para alcançar a praia do lago. Apesar de a distância ser muito maior, teria muito mais velocidade e segurança para caminhar.

Andava rápido e pensativa, mas sempre alerta para qualquer anormalidade e foi assim que ouviu barulho de luta, pela aparência, bem feroz. Sem se intimidar, pegou a pequena adaga que mantinha escondida na coxa e, sorrateira, procurou descobrir o que era.

Estava preocupada, mas não havia escolha porque voltar era cair no território das feras e para seguir adiante, teria de passar por ali. Usando os seus dons para se ocultar, avançou, cautelosa. Assim que contornou uma rocha alta, ficou impressionada com o que viu porque um homem estranho e sozinho lutava feito um louco com um bando de feras e, contra todas as probabilidades dos Deuses, estava a vencê-las, apesar de ferido.

― ☼ ―

Igor não demorou a descobrir que, além do mal-estar que até já tinha passado, os seus poderes enfraqueceram tanto que nem conseguia criar um globo luminoso. Como sabia que esse efeito duraria no máximo um dia, se houvesse proporcionalidade como ocorreu ao passar pelos portais do tempo, não se preocupou com isso e continuou andando, calmo e despreocupado.

Por isso, na hora em que viu a criatura que mais parecia uma figura de pesadelo, quase que já era tarde demais porque o estranho ser avançava em posição de ataque, caminhando como se estivesse em uma cama de molas o que, no início, o fez ficar de queixo caído e, a seguir, com vontade de rir. Entretanto, como viu com toda a certeza de que se tratava de um ataque, tratou de se preparar.

Sem pensar, ergueu a mão e lançou uma bola de plasma, mas tudo o que saiu foi uma mísera faísca e, com uma sonora praga, saltou para o lado sem conseguir se desviar por inteiro da arma que lembrava uma faca de sílex, porém longa o suficiente para o alcançar. Sentiu logo uma dor lancinante no tórax, tonteando e cambaleando de lado o que, por um acaso do destino, lhe salvou a vida porque o atacante errou a segunda estocada. O estranho punhal fez-lhe um corte profundo em baixo da última costela e as dores eram intensas, tingindo a roupa alva de um vermelho forte que se alastrava rápido, mas ainda tinha condições de lutar e apelou para a sua espada, uma vez que não dispunha dos seus dons naturais.

O Mago e a Sacerdotisa de AvalonWhere stories live. Discover now