Capítulo 2 - parte1 (em revisão)

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"A esperança é um alimento da nossa alma, ao qual se mistura sempre o veneno do medo."

Voltaire.


Gwenhwyar caminhava devagar e sem pressa em direção ao poço sagrado. Seu rosto, apesar de muito belo, tinha rugas de preocupação e há muito tempo que não ia lá para meditar e usar seus poderes para prever o futuro. Em parte, isso devia-se ao fato de ela ter sido incapaz de obter resultados com precisão nos últimos anos o que lhe causava tristeza além de muito desconforto, uma vez que pressentia um grande perigo para Avalon, perigo esse que não conseguia descortinar com os seus dons, fazendo com que se sentisse um pouco incompetente e até inútil.

Essa sensação de urgência foi reforçada com as últimas informações que recebeu de alguns camponeses e druidas, provocando-lhe a decisão de tentar mais uma vez ver o futuro, antes que qualquer ação impensada ou impetuosa provocasse um possível desastre.

Gwenhwyar, a sacerdotisa mãe, mantinha a sua altivez no andar, trajando apenas um simples vestido branco e justo que lhe moldava as curvas de um corpo perfeito e de idade indefinida. A veste descia quase até ao solo, mas permanecia sempre de um branco imaculado graças aos seus poderes. Na cintura, pendia um cinto de corda branca, amarrado de jeito displicente e caindo em forma de "V" até à altura dos joelhos. Nas costas, como se fosse uma capa, um véu branco e quase transparente descia desde os ombros aos pés, sendo que uma parte dele era fixa na manga longa que lhe moldava de forma delicada os braços até aos pulsos, realçando-lhe a graça e a feminilidade.

Embora não precisasse de usar, o seu cargo de suma sacerdotisa exigia que mantivesse consigo um ceptro de pouco mais do que um metro, com uma grande pedra preciosa no topo. Por último, descendo pelo seu pescoço e combinando com os cabelos brilhantes e ondulados, uma grossa corrente de ouro terminava em um medalhão, também de ouro, cravejado de rubis e cheio símbolos pagãos impressos.

Ali, naquele jardim oculto por arbustos altos, ela estava bem mais à vontade, sem necessidade de aparentar o que não sentia, uma vez que poucas pessoas podiam entrar naquele local sagrado e privilégio exclusivo de sacerdotisas. Era negado a todos os homens exceto para um que, mesmo assim, precisava de ser autorizado: Kenneth, o grande druida.

Ele, contudo, devia estar longe, na região central da ilha com os aldeãos da primeira cidade de Avalon.

Como de usual, a água do poço sagrado estava límpida, cristalina e muito gelada, apesar do dia esplendoroso e quente que fazia. A fonte sagrada brotava do solo de forma espontânea e, segundo dizia a lenda, isso fora feito por ninguém menos do que Morgana a Bela, a primeira grande sacerdotisa da ilha e salvadora do povo. Também, segundo a lenda, ela usara seus poderes para erguer uma pia de pedra cristalina repleta de energia capaz de canalizar os pensamentos de uma sacerdotisa treinada na arte da previsão, onde repousava a água sagrada que brilhava pura e límpida ao sol intenso daquela manhã. Dizia-se, inclusive, que a pia foi feita com um cristal especial, proveniente de outro mundo, agora um pouco esquecido dessa geração de druidas e sacerdotisas a não ser quando era mencionado em contos e lendas, mas Gwenhwyar sabia muito bem que isso não era uma lenda e sim a mais pura verdade. Apenas uns poucos, muito poucos, sabiam a verdade com relação a isso porque os documentos a seu respeito eram um grande segredo, apenas privilégio dos grandes druidas e sumas sacerdotisas.

Gwenhwyar ficou de pé, de fronte para o norte e olhou para a água que refletia o seu rosto. Ela olhava como se o reflexo fosse uma estranha e via uma mulher de cabelos dourados brilhantes e olhos muito azuis e grandes que lhe pareciam prescrutar a alma, adornados por um par de sobrancelhas douradas e arqueadas. O rosto era angular com linhas delicadas. Tinha um nariz pequeno e um pouco arrebitado, além de lábios bem vermelhos e um tanto quanto carnudos, sem excessos.

O Mago e a Sacerdotisa de AvalonDär berättelser lever. Upptäck nu