Capítulo 4 - parte 2 (em revisão)

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Em Porto Alegre, Eduarda trocava a filha que se divertia a fazer bolas de luz multicoloridas e rindo. Ao seu lado, a mãe dela olhava a neta, apaixonada.

– Bah, há dois anos, se me dissessem que eu ia ter uma neta com poderes mágicos, mandava internar – comentou, rindo. – E agora olho para isso e acho tudo muito natural. E pior, sou capaz de fazer o mesmo!

– Mais de uma vez pensei nisso, mãe – disse ela. – Eu olhava Igor me fazendo aqueles pequenos agrados na faculdade e nunca tinha atinado que eram muito mais do que simples truques. De repente, ele me colocou em uma espécie de hipnose e pronto, despertou meus poderes.

– Só que tu és muito mais forte que nós, filha.

– Isso não quer dizer nada – explicou Eduarda. – E normal que filhos de magos poderosos sejam muito poderosos, mas magos normais podem ter filhos mais poderosos do que eles ou não. Na verdade, a única coisa da qual não existe histórico é um casal de magos que tenha tido um filho mundano quando ambos os progenitores não o são. Se um não for, a probabilidade diminui um quarto. E quanto aos meus poderes, eles ficaram muito maiores na hora em que Gwydion despertou as minhas lembranças de quando eu era Ailin, na minha vida anterior, porque lembrei o que ainda teria que aprender. Mas Igor acha que eles vão aumentar ainda mais, muito mais, segundo ele sente.

Ao ouvir o próprio nome, a bebê virou o resto para a mãe, rindo, e Eduarda acrescentou:

– Este pingo de gente vai ter tanto poder quanto o pai dela, segundo se calcula. Olha só como ela usa ambas as mãos para fazer as luzes.

Fátima olhou para a filha e mudou de assunto, ficando séria.

– Dudinha, o que te preocupa tanto? – perguntou à queima-roupa.

– Nada, mãe.

– Filha. – Ela pôs a mão no seu braço. – Tu não pretendes enganar a tua própria mãe, não é? O que foi?

– Bem – disse, reticente –, eu sei que é bobagem, mas ando com uma baita sensação de perigo. Parece que algo ruim vai acontecer com Igor.

– O que ele foi fazer?

– Ele vai consultar alguns livros muito antigos na biblioteca e talvez vá para a Europa fazer pesquisas.

– Isso não me parece perigoso...

– E não é – interrompeu a filha. – Mas tá me dando uma agonia!

– Quando ele combinou de voltar?

– Daqui a uma semana.

– Então, não te incomodes antes da hora, guria. – Fátima pegou a neta, rindo. – Vamos logo para o shopping que teu pai não gosta de ficar esperando.

― ☼ ―

– Ezequiel, o senhor acha que consegue reproduzir alguma coisa da história da época? – perguntou Igor, curioso.

– Este livro foi escrito por mais de uma pessoa, como se pode ver nas nunces das letras, mas tenho noventa por cento de certeza que, entre outras, estas anotações são com a letra de Morgana a Bela – comentou, sem responder. – Será que conseguiríamos obter alguma luz sobre ela? Afinal, com o grau, dela ainda estaria muito bem viva.

Igor encostou-se na parede, pensativo, enquanto dizia:

– Melhor não alimentar esperanças. Eu também adoraria conhecer a minha filha, mas a probabilidade de uma feiticeira do gabarito dela ter desaparecido sem conseguir retornar é nula, ou seja, o mais certo é que esteja morta há muito tempo, infelizmente.

O Mago e a Sacerdotisa de AvalonWhere stories live. Discover now