Brincando com a morte- Vinnie Hacker

settle a score - acerto de contas

O brilho do notebook iluminava o rosto do Kio enquanto os dedos corriam pelo teclado. Linhas de código, mapas, janelas que eu não entendia se sobrepunham na tela. Ele respirava curto, concentrado demais pra notar o peso no ar.

— Se o Nick estivesse fugindo por conta própria — Bryce quebrou o silêncio — ele teria entrado em contato. Nem que fosse pra mandar um "tô vivo".

— Nick não faz nada simples — Jaden respondeu — Se ele sumiu e não apareceu, é porque acha que ficar invisível era a única opção.

Emma apertou minha mão sem perceber.

Vinnie finalmente falou, a voz baixa, controlada demais pra ser calma.
— E Elias não mata às pressas. Ele gosta de controle. Se o Nick tá vivo, é porque ainda é útil.

Essa frase ficou pairando na sala como fumaça.

Kio passou a mão pelo cabelo, frustrado — Tem coisa errada — Ele ampliou um mapa de Roma na tela — Nick sempre deixa rastros digitais mínimos, quase invisíveis. Agora... é como se ele tivesse sido apagado. Não é fuga comum. É alguém limpando o caminho atrás dele.

Inclinei um pouco o corpo pra frente.
— E se o Nick não estiver se escondendo de Elias... mas por causa dele?

Todos olharam pra mim.

— Nick sabe de algo grande — continuei — algo que Elias não pode deixar vazar, ele pode ter se isolado pra ganhar tempo. Não pra escapar. Pra pensar.

Kio parou de digitar por um segundo.
— Isso faz sentido — Ele abriu outra janela

Emma respirou fundo, a voz quase um sussurro — Meu pai sempre dizia que, quando tudo parece perdido em Roma... você não foge. Você se enterra.

Um arrepio percorreu minhas costas.

— Catacumbas? — Bryce perguntou.

— Não só — Kio respondeu, os olhos brilhando de repente — Arquivos subterrâneos. Apartamentos fora do radar. Prédios registrados em nomes mortos.

Ele começou a digitar mais rápido.

Eu observei cada um deles.
A tensão no corpo da Amelia.
O jeito como Jaden apertava as mãos.
A calma falsa do Vinnie.
O silêncio atento do Noah.

E percebi algo que me gelou por dentro. Não estávamos apenas tentando encontrar o Nick, estávamos correndo contra o tempo... antes que Elias decidisse que ele não era mais necessário.

Kio soltou um "achei" baixo, quase reverente. Todos se inclinaram na direção dele.

Meu coração acelerou.

— Isso não é uma localização — ele disse — É um padrão — Ele olhou pra gente — Nick não tá parado. Ele tá se movendo. Em círculos.

Olhei para Vinnie e o mesmo me olhou de volta. Ele veio até mim e sentou ao meu lado apartando minha mão, uma forma de me acalmar.

O "achei" do Kio ainda ecoava na minha cabeça quando ele virou o notebook na nossa direção.

— Não é um endereço fixo — ele disse, ampliando o mapa. Pontos surgiram pela cidade, ligados por linhas quase invisíveis — São acessos, a maioria é bem antigo, alguns usados pela rede, outros abandonados há anos.

Bryce se inclinou pra frente — Então ele tá pulando de lugar em lugar — o garoto falou.

— Exato — Kio respondeu — Nick tá evitando ficar mais de algumas horas no mesmo ponto. Isso reduz as chances de Elias cruzar os dados certos— todos nós nos olhamos e Kio continuou — Ele tá andando em círculos porque esses pontos se conectam por rotas subterrâneas, registros antigos, prédios que "não existem" oficialmente. Tá usando a cidade como esconderijo.