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POV Madi

Depois de passar um tempo com o Noah, eu vejo que está quase amanhecendo. Preciso dormir e descansar o máximo possível, vou em direção ao meu quarto e percebo que os meninos fazem a mesma coisa. Deixamos combinado para repassar as coisas pela última vez umas 19 horas. Já que a missão aconteceria de madrugada. Em menos de vinte e quatro horas, James Castellano estaria morto — ou nós estaríamos.

Todos sabiam disso.

Acordei e já eram dezessete horas. O quarto estava mergulhado naquela penumbra estranha de fim de tarde, quando o sol ainda brilhava, passei a mão no rosto, tentando afastar o peso do sono — e, junto dele, o peso do que vinha pela frente.

Levantei devagar, as pernas ainda pesadas. No banheiro, deixei a água quente cair sobre mim mais tempo do que deveria. Cada gota parecia arrancar um pouco da tensão grudada na pele, mas nunca o suficiente. Fechei os olhos e deixei a mente vagar: se amanhã for o fim, pelo menos hoje quero sentir que ainda estou viva.

Depois do banho, vesti uma camiseta larga, que eu tenho quase certeza que é do loiro, e uma calça de moletom. Fui até a cozinha. Abri a geladeira e encarei alguns ovos, um pedaço de queijo e pão.

Coloquei a frigideira no fogo, quebrei os ovos e deixei o chiado preencher o silêncio. Enquanto mexia, pensei que era quase engraçado — daqui algumas horas provavelmente eu estaria atirando em gente armada até os dentes, mas hoje minha maior preocupação era não queimar os ovos.

Comi devagar, apoiada no balcão, observando o céu que escurecia pela janela. Dois pedaços de pão, um gole de suco de laranja, e pronto. Provavelmente antes de sair eu comeria mais alguma coisa, mas por enquanto era isso.

Deixei a louça na pia e respirei fundo antes de sair. O barulho da oficina me chamou primeiro — risadas abafadas, marteladas, conversas rápidas.

Fui em direção a parte de baixo da casa, desci os últimos degraus e logo ouvi vozes abafadas vindas da oficina. O cheiro de graxa e ferro queimado se misturava ao de cigarro barato — típico quando eles se reuniam para "preparar o grande dia". Empurrei a porta devagar e parei, o cenário me fez prender um sorriso. Bryce e Tayler estavam na oficina, trabalhando no carro que serviria de isca. Tinham escolhido um sedã preto antigo, daqueles que já vinham pedindo aposentadoria há anos.

— Mais amassado — disse Bryce, batendo o martelo contra a lataria dianteira. O som ecoou como um trovão metálico.

Tayler ria, como se estivesse em um jogo — Se o carro não morrer na batida, eu que vou morrer de vergonha.

Bryce não respondeu, apenas passou o pano no rosto suado e analisou o estrago. O carro agora parecia realmente ter saído de um acidente de estrada. No banco do passageiro, estavam as bolsas com o falso sangue que explodiriam no impacto, espalhando a cena perfeita.

— Amanhã, quando jogarmos essa lata-velha no portão, eles não vão resistir — Bryce murmurou, mais para si mesmo do que para Tayler, e logo os dois se afastaram do carro. Abro a porta completamente e logo percebo que Kio estava meio deitado embaixo do carro velho, com as pernas esticadas e um laptop apoiado em cima do peito, como se fosse a coisa mais natural do mundo. O som das teclas rápidas preenchiam o ambiente.

— Isso aqui não é uma oficina, é tipo uma sala de jogos para vocês — falei, cruzando os braços contra o batente. Kio levantou o olhar, me analisou por cima do notebook e abriu aquele sorrisinho de canto.

— por um lado você tem razão, nós nos divertimos muito aqui — deixo o sorriso surgir em meu rosto.

— o que está fazendo aí Kio? — pergunto e analiso o garoto.

Brincando com a morte- Vinnie HackerWhere stories live. Discover now