Prioridades | Dr. Ethan Choi

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Cheguei no hospital como esperado mais um dia de emergência cheia, nem tive tempo de colocar minhas coisas no lugar, Maggie me chamou me fazendo jogar minha bolsa e meu casaco no chão antes de correr para atender uma paciente que tinha acabado de desmaiar no meio da recepção. Dias como esse acabam com a energia de qualquer um e hoje não é um bom dia para mim, acordei com dor de cabeça, mais cansada do que quando eu fui deitar, como uma boa médica eu ignorei esperando que fosse passar.

— Dia cheio, como você está?

Choi perguntou após me ver de olhos fechados e com a mão na cabeça em um dos cantos da emergência.

— Bem.

— Então, você vai me dizer que não está com dor de cabeça?

— É exatamente o que eu vou fazer.

Eu abri os olhos e sorri para ele.

— Por que você é assim?

— Assim como?

— Ignora você para ajudar os outros.

— Os outros precisam da minha ajuda, eu não.

Ele negou com a cabeça e me encarou por uns segundos.

— Eu posso dar uma olhada nessa dor de cabeça, cinco minutos.

— Dra. (S/n), homem, 25 anos, bateu o carro contra uma árvore.

— Depois a gente continua o papo super interessante.

Mais uma vez eu saí correndo para atender o paciente, eu senti o olhar do Ethan me acompanhar, mas eu não posso me dar ao luxo de parar. A Maggie estava me ajudando com a sutura do paciente, mas mesmo assim estava toda falante, como sempre.

— Não é por nada, mas porque o doutor Choi está te encarando tanto?

— Por que eu sou gata?

Falei tentando esconder o real motivo, mas nada passa despercebido pelos olhos dela.

— Isso e o que mais?

— Se eu falar que a gente bebeu muito e teve uma noite inesquecível, você acreditaria?

Ela revirou os olhos como se isso fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— Óbvio que não, você teria chegado e ido direto me contar.

— Você tem um ponto.

Ela riu e negou com a cabeça.

— O que aconteceu?

— Nada, está tudo bem e eu terminei.

Coloquei a tesoura e a agulha na bandeja que a Maggie estava segurando, o barulho metálico extremamente alto quase explodiu minha cabeça, o que a Maggie também percebeu.

— Agora eu entendi.

— Tchau, Maggie.

Tirei minhas luvas, as joguei fora e higienizei minhas mãos antes de sair. Minha dor de cabeça estava tão forte que comecei a ficar enjoada e minha visão começou a afunilar. Eu, ignorando tudo que estou sentindo, fui tomar água esperando que pelo menos meu enjôo passasse.

— Melhor?

Ouvi a voz do Choi atrás de mim e eu sorri para ele e sussurrei um sim que nem eu mesma acreditei. Comecei a vez flashes luminosos, o que piorou tudo, para não cair no chão eu me apoiei na parede a minha frente, não demorou muito para eu sentir os braços do Ethan me dando suporte, me tirando de perto da parede e me guiando para outro lugar.

— Maggie, algum leito vazio?

— Aquele.

Ela falou com um tom preocupado e de novo o Ethan me guiou para algum lugar, minha visão já não tinha mais flashes, agora tudo estava embaçado.

— Por que você tem que ser tão teimosa?

Ele perguntou e eu tentei sorrir.

— Se eu não estivesse com tanta dor, eu juro que te daria uma resposta decente.

— Sua resposta descente seria falar que eu não reclamei ontem a noite.

Ele riu e eu concordei.

— Mas não reclamou mesmo.

— O que você está sentindo?

— Minha cabeça, parece que vai explodir a qualquer momento, minha visão está embaçada, estou enjoada e eu juro que se eu ouvir outro barulho alto meus olhos vão sair da órbita.

O Ethan me deitou fez um monte de testes como pode se esperar dele.

— Provavelmente você está tendo uma crise de enxaqueca, eu vou te dar um remédio para dor e você pode ficar aqui um tempinho até a dor melhorar e o enjôo passar.

— Eu nunca tive enxaqueca na vida.

— Tem uma primeira vez para tudo.

Ele apagou a luz do leito e passou a mão no meu cabelo.

— Vê se isso melhora.

Eu abri os olhos que eu estava mantendo quase fechado ou fechado a maioria do tempo.

— Na verdade, melhorou, sim, obrigada.

— Aqui é uma emergência, então não posso te proteger do barulho, mas o remédio deve agir logo e da próxima vez que estiver passando mal me dá cinco minutos.

— Eu posso pensar no seu caso, obrigada Ethan.

— Não foi nada, agora descansa.

Ele se virou para sair, mas eu segurei sua mão.

— Nenhum beijinho para melhorar?

— Você parece uma criança às vezes sabia?

Ele depositou um beijinho rápido nos meus lábios, o que me fez sorrir.

— Sabia.

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