Persistência | Sherlock Holmes

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Exatos dois anos, três meses e quatro dias atrás eu conheci o Doutor John Watson, um amor de pessoa, ficamos amigos e então eu fui expulsa do meu antigo apartamento, por uma única atitude que tive quando estava entediada, foi a coisa mais ridícula de me aconteceu, o Doutor ofereceu uma estadia em sua casa até que eu conseguisse outro lugar para morar. Quando cheguei no endereço, 221B rua Baker, a senhora Hudson me recebeu com um enorme sorriso no rosto, ela não conseguia parar de falar como o John falava bem de mim, ela me acompanhou até a porta, bateu algumas vezes e a figura do meu amigo apareceu no meio da moldura da porta com um sorriso extremamente fofo, ele me abraçou forte e me convidou para entrar. Ao entrar vi a figura de um homem alto de cabelos negros encaracolados, parado olhando pela janela. John me apresentou seu melhor amigo, Sherlock Holmes, quando ele se virou para mim meu coração começou a bater muito mais forte, fiz o meu máximo para não deixar óbvio, mas nada passa despercebido pelos olhos de Sherlock Holmes. Menos de um mês depois Sherlock me avisou que estava casado com o trabalho e que não queria nada comigo, eu concordei como se nada tivesse acontecido e voltei ao meu dia a dia, só que dessa vez evitando ao máximo ficar ao redor do gênio sociopata. Alguns meses passaram quando o Holmes me chamou para jantar com a desculpa de que o John não poderia ir e ele queria uma companhia, então eu fui, foi uma noite extremamente agradável, fiquei tentando perfilar as pessoas como o detetive só para errar, fazê-lo rir e perfilar do jeito certo. Um ano depois Sherlock me deixou saber que estávamos namorando quando ele resolveu me levar para dar opinião em um caso e o Lestrade perguntou quem eu era, ele me apresentou como sua namorada deixando todos de olhos arregalados e bocas abertas, quem diria? Sherlock Holmes namorando e claramente não é com John Watson. Minhas tentativas falhas de arrumar um apartamento pararam quando o Sherlock pediu, do jeito dele, para que eu ficasse e trocasse o sofá pela cama dele, o que fiquei feliz em fazer. Há um ano, três meses e quatro dias eu estou namorando a pessoa mais difícil de lidar da face da terra e não me arrependo de nem um minuto. O único problema que eu tenho constantemente com o Holmes é que ele claramente não segue o mesmo estilo de vida de pessoas normais, ele quase não dorme, troca todas as refeições do dia por café e atira nas paredes quando está entediado. Várias vezes quando ele não come igual gente eu o chantageio, falo que não vou falar com ele até ele comer, mas nunca dura muito porque a senhora Hudson faz a comida e ele acaba comendo, o problema é: A senhora Hudson viajou faz seis semana e tudo que Sherlock comeu foram biscoitos e dois sanduíches que eu quase obriguei ele a comer. Então eu coloquei em prática meu plano, a cinco semanas eu parei de conversar com ele. O detetive jurou que eu vou ceder antes que ele precise comer comida de verdade, o problema é que ele está completamente errado. O nosso amigo John ri da nossa situação o tempo inteiro, mas aposta suas fichas em mim.
Hoje eu acordei, tomei meu café da manhã e comecei a procurar meu telefone, jurei que tinha deixado na mesinha de cabeceira, mas não estava mais lá. Resolvi procurar pelo resto da casa e nada, então fui ao último cômodo, a sala, onde John estava lendo seu jornal e o Sherlock estava claramente concentrado pensando em algo de olhos fechados com suas mãos a sua frente. Levantei algumas almofadas e me virei para John.

— John, você viu meu celular?

— Não, você perdeu ele?

— É o que parece.

Ao terminar de falar vi um sorriso aparecer no rosto do homem na outra poltrona, ele abaixou uma de suas mãos até seu bolso e tirou o meu celular de lá.

— Procurando isso?

Eu respirei fundo, me sentei no sofá e peguei um dos livros que estavam jogados na mesinha de centro da sala, era alguma história muito antiga, provavelmente um dos clássicos que o John coleciona, abri na primeira página e comecei a ler, mas não antes de ver o sorriso no rosto de Sherlock se desfazer, seus olhos se abrirem e olharem direto para mim.

— Meu amigo, desista, ela vai ganhar de você.

Watson disse rindo do amigo que negou com a cabeça.

— Isso não é possível! Já faz mais de um mês.

— Exatamente.

O John voltou seus olhos para o jornal. O meu celular voou até aterrizar ao meu lado no sofá, larguei o livro, peguei meu celular e me deitei no sofá enquanto respondia algumas pessoas importantes.

— (s/n), querida, você realmente não vai falar comigo?

Ele perguntou e eu segui focada no meu celular.

— Inacreditável, alguém consegue ultrapassar os limites de Sherlock Holmes, parabéns (s/n).

— Obrigada, John.

Eu sorri olhando para ele. Sherlock revirou os olhos e respirou fundo como uma criança.

— Eu desisto, vamos todos almoçar no seu restaurante preferido, (s/n).

Ele colocou seu sobretudo e eu sorri, me levantei ainda sem falar nada, John riu e negou.

— Eu passo, meu amigo, vou buscar a senhora Hudson no aeroporto.

— Isso é amanhã.

— Sim, mas preciso economizar energia.

— Que seja.

Sherlock me guiou até a porta da frente, pediu um táxi e fomos para o meu restaurante preferido. Nós comemos em extremo silêncio. Quando saímos do restaurante eu sorri e beijei o meu amado, estava com muita saudade de fazer isso.

— Viu, não foi tão difícil, mas você sempre quer provar que é o mais inteligente e intocável da sala, não é?

— E eu sou, mas você consegue me ignorar muito bem.

— E vou fazer de novo se precisar.

— E é por isso que eu te amo.

Eu levantei minhas sobrancelhas em surpresa.

— Você acabou de falar que me ama?

— Sim, isso não é óbvio?

— É óbvio, mas nunca esperei realmente ouvir isso saindo da sua boca.

— Por quê?

— Eu descobri que era sua namorada quando você me apresentou para o Lestrade.

Ele concordou levemente com a cabeça e olhou para a rua onde os carros passavam.

— Acho que está na hora de apresentá-la como minha noiva.

Eu guardei minha vontade de pular e gritar dentro de mim e apenas sorri olhando para o chão.

— Eu gostaria disso.

Senti a mão do meu agora noivo no meu queixo levantando meu rosto até meus olhos encontrarem os seus.

— Espero que não se arrependa.

— Nunca.

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