73. Sintonia e Saudade

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Sheilla deu a partida no carro sem dirigir uma palavra aos dois homens desde que saíram da arena. Antes disso, ligou rapidamente para Mari umas 3 vezes. Nada. Breno, por teimosia, havia feito reserva para os três num restaurante caro.

Não bastasse tudo, era um péssimo horário de trânsito em Belo Horizonte.

—Sai da frente, filho da puta!— A morena apertou forte a buzina do potente veículo, furiosa com o trânsito.

Breno olhou para Ângelo pelo espelho do carro.

—Tá nervosa, Sheillinha, não quer que eu
dirija?

—Vocês beberam, Breno. Num simples jogo, em pouco tempo, vocês dois encheram a cara...

—O jogo foi legal, divertido. Revi tanta gente...

Breno sorriu.

—Ei canjiquinha, podia ter convidado a loira para jantar conosco, ela ama a comida de lá...—Angelo disse como quem nada queria.
—Quer que eu ligue?

—Deixa a Mari quieta, ela está cansada.

Breno não aguentou. Riu, soltando um grunhido.

—Marianne cansada? Não quero ser eu se ela hoje não descansar, justamente cansando aquela morena lá, a oposta... Isso depois da balada. Tava no ar o clima entre elas...

Sheilla acelerou. Com o motor potente e silencioso, somado à distração de álcool, os dois homens só perceberam a ação dela, devido a reação neles: os pescoços masculinos sofreram com as leis da Física. Afinal, toda ação provoca uma reação.

Longe dali, a equipe de Bauru decidiu comemorar a vitória numa badalada pizzaria nas imediações do hotel.

Mari, assim como a maioria das companheiras, vestiam moletons confortáveis. Os corpos sentiam um desgaste intenso pós jogo.

Mari sentia o vento frio bater no cabelo embora, quase seco, ainda estava gelado. O desgaste de energia pensando no encontro com os Blassioli havia acabado com seus nervos.

—Nós vamos beber, Mari?—Loff cochichou.

—Hum, amanhã não tem jogo, acho que dá para um negocinho sim, né? Cê vai, Bruna?

Mari perguntou, percebendo que a oposta titular lia seus lábios, ou parecia ler, já que olhava-os sem cerimônia.

—Vou.—Respondeu a jogadora.

—Vai o que, Honório? —Loff perguntou, pois sabia que Bruna não tinha entendido nada das bebidas.

—Qualquer coisa. —Bruna soltou.

-Então, eu mesma vou escolher, vocês com certeza tomariam esporro do Marquinhos... vou dar essa "carteirada".

Mari fez o pedido das bebidas.

O jantar transcorreu tranquilamente e alegre. Mari e Kiwiek ficaram bastante próximos e conversaram quase todo o tempo e sobre tudo. Desde a partida, fragilidade e potencial do time até as varas de pesca que eles usariam na pescaria que se aproximava.

Era curioso como para Marianne Steinbrecher o externo era comum, normal e por vezes desinteressante quando ela não estava à caça.

Estava sempre presente, ouvinte atenta, mas totalmente na dela.

O oposto não acontecia. Chegava a ser constrangedor os olhares de todo mundo, para a loira.

Tinha a parcela que duvidavam de que os olhos a viam ali, tinham os que olhavam sem coragem de abordar, tinha os que não convivem com o porte e altura de Mari no dia a dia e estranhavam, tinha os que sabiam bem quem ela era e por isso olhava, e tinha o magnetismo pessoal da loira.

Between Us - SHARIWhere stories live. Discover now