61. November Rain

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Sheilla repetiu. E repetiu, já sem o humor de quando ouviu a explicação do apelido por Mari, pouco antes.

Mari não fez nenhum tipo de comentário com a provocação de Sheilla ao comparar ela e Raquel, ao se tratarem de "irmãs" com os personagens da série Game of Thrones, no caso, com o casal de irmãos gêmeos, Cersei e Jamie Lannister que se relacionam amorosamente.

Mari obviamente achou engraçado e fruto de muita maluquice da mente fértil da outra, mas nem sorriu, afinal, o surto de Sheilla por ciúmes em São Paulo ainda estava fresco em sua memória.

O restante do trajeto foi tranquilo. Mari seguiu cantando. Sheilla puxou outros assuntos.

—Ah amor, eu senti tanta falta disso...

—Disso o que, She?

—Da nossa vida, da gente no dia a dia, dessas coisinhas...—Sheilla apontou para as sacolas do supermercado nos braços de Mari, enquanto elas entravam em casa. —Você sentiu falta, Mar?

—Tudo o que já vivi e fui feliz, na vida à duas, foi com você, She. Os melhores anos da minha vida. Como não sentiria falta? Sem você, nada fazia muito sentido, demorei muito para me levantar.

"Então você se levantou"— Sheilla pensou.

A frase de Mari saiu simples e surpreendente para Sheilla e até para a própria loira, que vociferou aquele desabafo sufocado pelas dores do inferno pessoal que ela enfrentou.

Era um bom sinal Marianne Steinbrecher soltar aquele tipo de desabafo? Era uma faca de dois gumes. E Sheilla sabia muito bem disso. Era bom Mari se abrir, falar de si. Por outro lado, Mari se abrir mais, significava estar cada vez mais bem resolvida, e trabalhando em si emocionalmente.

E certa frase desferida por ela, tal qual uma bofetada tempos antes, pareceu fazer muito sentido ali para a morena. Era sobre andar sem Sheilla. "Dessa vez, eu estarei pronta".

—Da parte de carregar sacolas e pesos, não há o que recuperar, She. Já aproveitar o tempo presente juntas, podemos sim!

—Senti tanta saudade hoje, pensei tanto na gente, Marianne...quase fui te ver.

Mari soltou as sacolas das mãos. Sheilla soltou os receios da mente.

—Por que não foi, amor? Sentiu falta disso também? —Marianne encostou Sheilla contra o balcão, beijando-a. —Diga...

—Você mesma não está vendo, Marianne? Olha pra mim. —Sheilla sorria manhosa, enquanto Mari provocava-a.

—É, eu estou vendo sim, Sheilla Castro. —A loira sorriu convencida. —Mas quero ouvir, diga.

—Senti, muito, "muitão", muitíssimo. Não tortura vai, amor.

—Sentiu vontade da gente, não foi? E vai continuar sentindo, porque agora eu farei nosso jantar. —Mari sorriu, se afastando de Sheilla.

—Ma-ri! Assim não vale... —Sheilla protestou sorrindo. —Quer ajuda, minha barbie?

—Sabe que não, morena. Mas pode pegar um vinho pra gente, pode dançar para mim, pode me dar beijinhos...—Mari disse, olhando provocante para Sheilla.

—Tá Certo, chef! Eu me lembrarei desse abuso de autoridade...só não se esqueça de quem é o controle do setor de sobremesas tá bom?

Sheilla saiu sorrindo. —Amor, te incomoda que eu responda uns e-mails aqui, com você? Assim, adianto umas coisas e vamos conversando. Preciso do seu notebook também.

—Claro que não, She. Fique à vontade, assim ficamos pertinho e otimizamos o nosso tempo .

—Isso se eu me concentrar, né Mar? Você segue me provocando.—Sheilla sorriu contente.

Between Us - SHARIWhere stories live. Discover now