28. Só vejo Você

229 15 11
                                    

—E aí tem conserto? —Sheilla riu, voltando à sacada com um vinho, enquanto a loira, sentada com as pernas dobradas, tentava afinar um maltratado violão.

—Senta aqui pouquinho, senta She.—Mari sinalizou carinhosamente para seu colo sorrindo, tirou o violão, e puxou a morena para baixo pelos quadris.

—Hum... é sério? Parecia seduzida pelo violão. —Sheilla se senta.

—E sou, eu amo um violão. —Mari sorria, enquanto contornava a cintura de Sheilla. —você é um violão, olha isso, amo corpo assim.

—Marianne, Marianne.

—O quê?

As duas deram risadas.
—So falta ter ciúme de você mesma precisa parar com isso, foi só jeito de dizer She.

—Eu vou parar, Mar.

—Você é tão cheirosa, She.—Mari afastou o cabelo de Sheilla do pescoço, beijou-a, mordiscando de leve.
Sheilla jogou a cabeça para trás, apoiada nos ombros de Mari. Totalmente entregue a aquele chameguinho. Bebiam na mesma taça. Mari provocava-a com a boca, falando "coisas" ao seu ouvido.

—Não ache que serei fácil agora, Marianne. Exijo uma serenata, e das boas! "Solos de guitarra não vão me conquistar" —Sheilla cantou.

—Na verdade, solos de violão me conquistaram sim! E eu quero você, como eu quero!—A morena riu.

—Sabia que essa música fala de uma relação altamente tóxica, She?

—Sério? Poxa, cortou meu barato hein solzinho?

—Sim, foi escrita como um "toque" para o guitarrista que era manipulado pela então namorada. Ela queria controlar ele. A maldita. —A loira riu.

Mari tocou um trechinho de Como eu quero, puta com o violão ainda desafinado, sobre o colo de Sheilla. As duas cantaram.

🎶(...)Tramas do sucesso
Mundo particular
Solos de guitarra
Não vão me conquistar
Uh eu quero você
Como eu quero
Uh eu quero você
Como eu quero
O que você precisa
É de um retoque total
Vou transformar o seu rascunho
Em arte final
Agora não tem jeito
'Cê tá numa cilada
É cada um por si
Você por mim e mais nada.

Será se eu sou tóxica com a Mari? Fabi dizia isso de mim sempre. O ciúme maldito é toxicidade? —Sheilla pensou rapidamente.

—Mar de Deus, estamos magras demais, olha isso! você toca o violão comigo aqui no colo confortavelmente.

—Estamos só ossos. Zé vai te matar em Saquarema. —Mari riu. —Bom, senta aqui do lado. Preciso providenciar essa serenata. Tenho interesses numa certa conquista.—Ela riu torto para Sheilla. —Tem coragem aqui na sacada?

—Você quer ir presa é? Fosse no Brasil eu arriscaria.

—Cobrarei. —Mari deu risada.

—Bom, mas então She, está desafinado à beça. "Anginho" não merece esse brinquedinho.

Mari tinha encontrado o violão de Angelo num canto da sacada, quando, com Sheilla, minutos antes, olhavam a iluminada noite dos últimos dias em Istambul.

A loira recomeça a afiná-lo aos poucos, enquanto as duas conversam. Conversavam sobre o clima, os sons da cidade, as luzes e as impressões de ambas dali. Depois de um breve silêncio a expressão de Mari já indicava que os acordes estavam melhores.

Sheilla gostava de observar Mari concentrada em instrumentos. Eles faziam, enfim, ela parar um pouco.

—Mar?

Between Us - SHARIWhere stories live. Discover now