53. Siricutico

307 18 59
                                    


—Devolva o pedaço de frango da Marianne Vitor. Pelo amor de Deus, cê parece um morto de fome.—A avó de Sheilla suspirou impaciente. Vitor sempre fazia isso com Mari, que claro, nunca deixava barato. A luta de garfos dos dois irritava a idosa.

—Isso é verminose, Tererê. —Mari debochou. —Olha como esse piá é esticado e sem nutriente. Tem tênia, certeza.

—Olha quem fala! Quem aqui é conhecida como lombriga branca hein? Cê come macarrão com bigato, minha filha—Vitor reagiu.

Sheilla, que estava fora de problema, ousou sorrir dos dois.

—Você é a mais magrela de nós, She, sai de bolo que cê nem é fermento—Vitor provocou a irmã.

—Ò "o Mêi" mesmo She, cê não aguenta brincar mesmo não, cê arrega. —Mari sorriu e alertou a amada.

Sheilla piscou para Vítor. Marianne percebeu na mesma hora. Conhecia Sheilla e Vitor como a palma de sua mão. Os dois estavam tentando se falar em código.

Era hora de Vítor fazer o favor que sua irmã pediu: bisbilhotar a loira.

—E os dogs Mari? —o irmão Castro quis saber.

—Vou trazer para Bauru, estou morta de saudade dos meu filhos, Tinho. Vê se visita seus sobrinhos em Bauru hein?

Mari notou Vitor olhando intrigado para Sheilla e leu nos lábios dele: "N'era só isso não"? A irmã queria esfolar o pobre. A morena sem jeito, só não se entalou com a comida que engolia, porque era quiabo. Simplesmente desceu.

—Irmãos, por que eles existem?—Sheilla balbuciou baixinho.

Fosse jogar pôquer esse sujeito tava morto. -Mari pensou e quase riu, mas não disse nada. Preferiu perguntar à Dona Terezinha alguma coisa sobre o ponto certo da polenta que comiam. —A senhora permite que eu prepare o jantar hoje, vó? Eu não quebrarei nada da senhora dessa vez, Juro.

—Se não for te machucar, filha. Faz tempo que cozinhou aqui não é?—Tererê permitiu.

—Uma pena eu ter me desencontrado da Helena. Ela adora minha massa. —Mari lamentou.

Sheilla, que ainda queimava Vitor com os olhos. Buscou disfarçar.

—Não pode esperá-la Mar?—Sheilla perguntou.

—Não posso, She. Tente levá-la a Baurú dia desses.

Sheilla organizou a cozinha ajudada por Mari. Refletia se a loira tinha pego ela e Vitor no flagra.

—Mar, está melhor mesmo amor?—A morena quis saber.

—Eu estou sim She, Felipe me salvou.

No quarto, para o famigerado cochilo da tarde, Mari estava de olhos fechados. Diferente de quando com Breno, Sheilla estava grudada na loira, afundada em seu pescoço, dava-lhes vários cheirinhos. Adorava sentir com a bochecha, a jugular pulsante da loira. Até que a morena rompeu o silêncio.

—Sol, olha pra mim. —Sheilla disse para a loira.

Mari abriu os olhos.

—Me desculpa?—A morena contornou o rosto da outra com as mãos, arrumando a mecha loira de Mari.

—Por que não me perguntou She, se queria saber de algo?

—Por que você não falou nada Mar. E eu não quis ser tóxica, curiosa. Na ervilha que tem abaixo da minha calota craniana, eu imaginei você em Rolândia sabe, com festa, as meninas e tudo mais. Até com o Noah eu imaginei a Raquel. E me envergonho disso. Foi isso. Sei que nem tivemos tempo, também tenho coisas a contar, mas eu sou ansiosa amor.

Between Us - SHARIWhere stories live. Discover now