71. Mando de Quadra 🏐

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Após um pequeno silêncio, ainda que totalmente temerosa de piorar ainda mais as coisas, a mineira sabia que não poderia dar espaço para mentiras e omissões dela para com Mari. Já bastavam as que ela não tinha alternativas.

— Eu não esqueci do jogo aqui em BH, Mar…

Dessa vez, o silêncio foi de Mari. O tom de voz de Sheilla, contou tudo.

—Eu já entendi. É claro que você está ciente do meu jogo, e não só você, pelo visto não é? O que ele quer, Sheilla? Assistir em casa o Camponesa Minas jogar, ao lado da consagrada mineira egressa do time e esposa dele não é? Mas é óbvio. Não tem problema, o mando de quadra é dele, sou oponente, visitante.

— Mari… Por favorzinho, vamos ficar bem? Não fique nervosa não, vai?! Vocês virão de que forma? Ônibus, avião? Vão demorar? Chegarão antes? Onde vai hospedar!?

— O que que é, hein Sheilla? Está com medo de não fazer o cronograma com nós dois bem feito e chocar horários e presenças?

—Marianne! Está sendo irracional.—Sheilla ralhou.

—Fica tranquila. Não precisará nem me dirigir palavra, só mantenha-o longe de mim.  Estarei com o clube e a trabalho. Pelo que vi, estão fazendo esse tipo de trajeto de ônibus. Mas em que isso importa?

— A vó e o Tinho sabem que o Bauru vem jogar Mar, querem te ver, Mari. Ei, amor… eu só não quero atrapalhar seu trabalho, sua agenda, sua concentração… só isso. Quem tem de me dizer a sua disponibilidade é você, Mari. Para de ser geniosa…que cabeça tão dura!

—Eu não tenho sangue de barata, Sheilla. Eu não vou ver ninguém, eu não irei à sua casa, e se puder não olharei para você, então só me deixe no meu canto, depois a gente vê o que faz.

—Oh Mari, não tem nada de novo no cenário! Quantas ocasiões estive com Breno e não tivemos nada? Loirinha, eu sou só sua…ei! Eu quero te ver, eu preciso. Você já vai estar relacionada na partida? Saudade de ver um jogo seu, Mar, quero o rabo de cavalo hein?!

As investidas carinhosas de Sheilla, não comoveram Mari.

—Faça o que precisa ser feito, Sheilla. Só espero que você  tenha a decência de me avisar. —Mari se referiu às possíveis orientações de Eugênia.

—Continua sendo teimosa e inflexível… a única coisa que farei é querer estar perto de você, amor, o tempo todo.

—Essa porcaria de vida não vai me enlouquecer de novo, Sheilla, eu não vou voltar a sentir, como me sentia há 6 anos, é passado para mim. Não serei amante.

—Você nunca foi, Mari…

—Imagina se eu tivesse sido então…

Sheilla expirou forte, a ironia de Mari mesmo ciente que o namoro com Breno, no passado, era fake, a deixava bem irritada.

Mari fazia referência ao período em que Sheilla exibia Breno em público como namorado, e em casa, eram casadas. Mesmo estando oficialmente "terminadas" sem compromisso elas não conseguiam resistir. Acordavam juntas todas as manhãs, já que ainda moravam juntas por causa dos "cães e clube".

É claro que moravam juntas por amor. E claro que Mari desestabilizou de ciúme, aprontava todas, mas amava e era apaixonada pela morena. Mari foi ao extremo que um ser humano pode ir.

— Essa porcaria de vida, não vai tirar você de mim novamente, Mari.

— Será? Ei…está tarde…eu realmente preciso dormir, tudo bem?

— Deixa eu te ouvir até dormir?

—Queria tanto que estivesse aqui, Sheilla, sem nada disso acontecendo.

Between Us - SHARIWhere stories live. Discover now