63. Luz dos olhos ✨

189 15 11
                                    


...Mari?

Mari teve a impressão de ouvir seu nome ser chamado bem ao longe. Impressão essa, confirmada por Sheilla, que pousou a mão em sua perna, balançando-a de leve. —Essa é direcionada para você, Mari. Mas gente, vou falar, eu vi... aliás todos viram—disfarçou a morena. —A Mari deu o sangue treinando ponta gente. Não foi, Mari? Muito, muito dedicada—Sheilla acudiu a mulher ao seu lado, pois sabia que ela estava totalmente fora do ar.

Mari deu uma disfarçada olhando as horas no relógio do pulso.

—A gente evoluiu demais. —Ela iniciou a resposta no escuro. Havia, de fato, se perdido em memórias italianas do começo do amor dela e de Sheilla

—Eu fui pra Itália para aprender a passar. Não fui por dinheiro, nada disso.Tem momentos na carreira do atleta que ele precisa optar por salário ou experiência. Eu fui treinar ponta. E jogar lá, treinar lá, ser campeã....Foi sem dúvida os melhores anos da minha vida.

Os olhos castanhos de Sheilla brilharam cravados na loira. "Nossos melhores anos meu amor".

A luz dos olhos de Sheilla chamavam a atenção, irradiava amor.

—Lá, você joga, ou você joga.—Mari continuou. —Estrangeiro não tem banco, joga machucado mesmo.

Foi um processo lento, trabalhoso e que teve muita confusão, não é?

Mari sorriu, e os presentes também.

Sua longa relação com o veterano técnico da Seleção Brasileira José Roberto Guimarães era polêmica. Sempre foi. Mari continuou.

—O Zé encheu tanto o meu saco num ano, de eu chegar a falar "para de falar, senão eu não vou conseguir passar. Ele diminuiu mais as falas e eu fui evoluindo. Treinava igual um cavalo após os jogos e treinos. Horas a fio. Sou meio perfeccionista.

—A Mari é mais perfeccionista do que eu gente. Acreditam? Se um quadro estiver torto na parede ela já incomoda—Sheilla sorriu. Mari também.

—She...—A loira praticamente sussurrou.

Marianne prosseguiu.

—Mas é necessário muito treino, meninas. O que te desafia te transforma. Eu não sou uma ponteira nata. Não é normal uma ponteira de 1.90 ter uma boa recepção .

Mas a nível internacional, vocês sabem que ponteira baixa também não vira, não é?

—Meninas, Kiwiek foi quem iniciou.  —Aconteceu com vocês uma coisa que me intrigou bastante.

Leve descompasso nos corações louro e moreno.

—É sobre a carreira.

As cores voltaram aos rostos moreno e branco.

—Vocês duas retornaram ao Brasil, no exato momento em que o esperado seria exatamente o contrário: ganharem o mundo, e muito dinheiro aproveitando a visibilidade da medalha de ouro da Olimpíada de 2008.

No caso da Sheillinha, o retorno é mais compreensível já que ela já tinha 2 temporadas fora de casa.

Mas você Mari, não entendi bem. O mundo inteiro queria você. O gigante do Dínamo Moscou da arquiinimiga da Sheillinha, a Gamova, esse só a título de exemplo.

Mas você, Mari, foi repatriada também...

—A gente resolveu aproveitar a boa fase no Brasil. —Mais uma vez, Mari e seu vício de cônjuge: falar pelas duas—A Sheilla estava com muita saudade da família. Queria ficar mais perto da vó dela. Aí decidimos. E eu, detesto frio, né gente?

Between Us - SHARIWhere stories live. Discover now