19. Lírios e Rosas 💮🌹

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Continuação:
sob o céu de São Caetano

Olhos nos olhos sempre que o trânsito permitia, elas sorriam bobas. A mão de Sheilla, que ostentava apenas o solitário anel, pousou sobre a da loira enquanto ela dirigia. Mari, com braços e dedos livres de anéis e pulseiras, usando apenas as unhas feitas e delicadas pintadas num branco clássico, abriu os dedos, em permitindo que a mão morena entrelaçar à sua .

O que o tempo faz com as pessoas? As mãos morenas que viviam entrelaçadas nas brancas e longilíneas mãos antigamente, ali pareciam uma novidade. O ato, naquele momento, requeria uma permissão, uma reciprocidade. O que um ano tinha feito delas?

A atmosfera era de saudade. Saudade das ruas, saudade de si mesmas, saudade delas juntas. Um passado tão feliz, num presente de paz e trégua.
O dia em São Caetano se aproximava do fim. Sheilla apertou a mão de Mari mais uma vez. Mari retribuiu.

—Como faço para que esse dia nunca acabe? —Riu a morena.

—Tá contente? —A loira perguntou olhando e sorrindo para Sheilla.

—Ah Mar, estou explodindo.

—O período "dia" já se foi, She.

—Que seja!  Temos a noite, Mari.

Mari sorriu, concentrada no trânsito, agora mais lento e problemático devido ao horário da noite que caía.
Sheilla sentia o peito alegre, em paz.
Ia olhando pela janela o iluminado e parado trânsito e se alegrava com o mesmo: mais tempo com Mari.

A oposta sentiu os olhos azuis cravados em si, quase queimando-a. Virou para conferir e flagrou o olhar irresistível de Marianne Steinbrecher sobre ela.

—Você acaba comigo me olhando assim.

—Sheilla, Sheilla. —Mari sorriu sem jeito, respirando fundo, e, de olhos fechados, jogou a cabeça para trás.

—Mari, Mari. —Encabulada,Sheilla também sorriu, Jogando igualmente a cabeça para trás.

O carro de Steinbrecher parou no mais luxuoso hotel da cidade. Já tinha fãs e curiosos ali, afinal, o jogo de despedida da Fofão foi comentadíssimo. A estrela loira, Mari do vôlei , estava hospedada na cidade e não tinha ido embora.

E, para completar, foi vista saindo em clima amistoso com Sheilla Castro. Shari em São Caetano as notícias e pessoas corriam, a internet, especificamente a rede social twitter fervilhava.

A loira pegou a mochila de Sheilla, como sempre fez a vida toda. As duas entraram lado a lado, com naturalidade, pelo saguão do hotel. Os presentes chocados, nem coragem de abordá-las tiveram.

—Preciso de mais um quarto por favor.
A loira disse sorrindo na recepção, quando recebeu sua chave.

—Não, moça não é necessário. Ficarei com a Mari mesmo. —Sheilla, sorriu simpática para a recepcionista.

Mari não interferiu. Embora tivesse ficado surpresa.

Elas subiram. A moça ficou atônita. Sabia delas juntas quando moraram na cidade, as duas maiores estrelas que São Caetano já teve. Fizeram e aconteceram juntas. Agora, ainda mais famosas estavam juntinhas ali.

—O quarto não era necessariamente para você ficar, She. Não tinha problema ficar no meu. Era só o quarto mesmo. A cidade é pequena, não viu lá fora? Se isso vazar...

—Ah, Mar —Sheilla disse sacudindo a cabeça. —Não mesmo. Não hoje. Nada que não seja verdadeiro cabe aqui nessa cidade, entre nós. Simplesmente, não estou nem aí. Que vaze.

Between Us - SHARIWhere stories live. Discover now