75. O Pulso ainda pulsa

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As mãos ágeis e gentis, seguiam lentas e carinhosamente, num gostoso cafuné, no pequeno corpinho peludo.
Como se pertencesse a quem o acarinhava, o animal, à beira de um cochilo, parecia até sorrir.

—Não é verdade, Mari?

A loira, dispersa, parecia longe dali. Fazia o carinho cheia de amor, mas sua mente estava ausente.

—Mari? Ei amor, —Sheilla a chamou de novo, e dessa vez, tocou-a no braço.

O pequeno Filhote rosnou.

—Ei...é a tia, She! —Disse a loira com a voz infantilizada dirigindo-se ao cachorro. —Desculpe, She. O que disse?

—Mari...não tá prestando atenção? —Sheilla fez uma expressão triste.

—Eu disse, que certamente você não criará caso com o Brenno não é, Mari? —Eugenia repetiu.

Mari colocou o cachorro no ombro e esticou o corpo na cadeira.
Fechou o semblante para Eugênia, e mirou-a com os olhos cortantes.

—E porque eu criaria caso, Eugênia? Não tenho nenhum tipo de relação com o marido da Sheilla. Se alguém aqui deve ser orientada a criar caso ou não, é ela, que por sinal é sua cliente.
Não vou agir de acordo com o ditar de ninguém que não seja eu. Assim, não prometo nada.

—Mari! —Sheilla interviu—não precisa falar assim, sabe que ele vai te provocar e...

—E eu não tô nem aí, Sheilla. Estou indo ver a Tererê. Eu não vou nem em bola dividida...Não disputo nada com ninguém, principalmente mulher. Fiz isso uma única vez, e você bem sabe. Bom, estou com câimbras no bumbum. Preciso me mexer.

Mari levantou, e se dirigiu ao encontro da garotinha, dona do cachorro, ela já tinha se alimentado e sorria, acenando para a loira. A menina se jogou em Mari abraçando-a pelos quadris.

—Meu Deus, Sheilla, que bicho mordeu ela?

—Eu não sei... ela estava bem— Sheilla levou as mãos às têmporas. Assoprou tensa.

—Ela é instável, Sheilla, tenha cuidado. Olha só... a criança e o cachorro loucos com ela e ela com eles, nem parece a granada sem pino que estava aqui há pouco.

—Ela é instável sim. Mas está tudo certo com a gente. Ela não gosta de nenhuma situação que a coloque com ele e eu. É isso.

—Bom, em todo caso, não dê bobeira, esteja pronta para os jogos dele. Não convém bater de frente, você sabe. Espero que consiga contornar as coisas com ela.

—Eu consigo sim. Pela vovó, é possível que os dois colaborem.

—Evada de perguntas dele ou de terceiros por mais bobas que pareçam, assim como situações de carinho com a Marianne devem ser evitadas. Encerre isso assim que puder. Se tudo der certo e eles forem racionais, essa visita da Mari será boa para nós.

—Espero que sim. Outros familiares também vão.
Eugênia e Sheilla viram Mari tirar uma foto com a menininha e a mãe, depois se despedir das mesmas e se dirigir de volta à mesa.

A loira parou exatamente atrás de Sheilla. Arrumou-lhes a gola da blusa e brevemente o cabelo. Sheilla inclinou a cabeça encostando-a carinhosamente no antebraço de Marianne. Mari tocou de leve o maxilar de Sheilla, com seu polegar, em carinho. Ganhou um beijo, cuja velocidade do ósculo foi a de um flash.

—Se desculpe com a Eugênia, Mari.
Sheilla disse com firmeza, mas num tom doce.

—Não, não é necessário...-Eugenia disse sem graça.

Mari deu a volta e sentou-se perto da advogada. Olhou a advogada nos olhos e disse com calma:

—Me desculpe se minhas palavras ofenderam você, Ghene. Não foi intencional nem pessoal. Acabo sendo muito franca, às vezes. —Mari disse doce e sincera.

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