72. Mandante x Oponente

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Naquela mesma tarde, Mari calculou o tempo: era hora de contornar os atritos com sua mulher. E, entre um copo d'água e alguns scoops de creatina, ela ligou para Sheilla.

—O que foi, Marianne? —A morena soltou o ar, aparentemente, ainda brava.

—Amor, Rolândia não dá agora... então, não consegui ir pra a puta que me pariu. —Mari olhou para os lados, viu que estava sozinha naquela parte da academia.
—Quando eu chegar em BH, quero os serviços de uma...pode ser? —Mari não conseguiu ouvir Sheilla sorrir, porque ela mesma não segurou a própria cara de pau, e gargalhou. O abdômen até reclamou.

—Ô Ma-ri, que vontade de apertar sua garganta, você é terrível!
Sheilla disse, após a gargalhada que soltou. —Você não me provoca, hein? Vai ter de merecer MUITO para ter os meus serviços. Sabe que são caros.

—Eu pago, She. Diga o que preciso fazer para merecer.

É claro que aquele tipo de brincadeira irritava Sheilla por um motivo mais que justo: O passado de Mari.
Especificamente quando elas terminaram. A mineira nunca digeriu bem a loira de trelelê com uma certa jovem de carreira "duvidosa".

Mari era o que era. Quando queria uma mulher, apenas tinha-a e pronto. E nesse caso, possivelmente não foi por dinheiro, muito embora, ela cobria a moça de vários tipos de luxo. Detalhe: Não nutria uma gota de amor pela moça. Teria sido apenas para atacar a morena?

Sheilla espantou da mente esses pensamentos. Não podia criar nova confusão com a loira, além disso, ela gostava de "ser exatamente" como a loira queria, do jeito que ela queria.

Seguiu a conversa. Estava com saudade, com problemas, e ansiosa com medo de não conseguir ver a atleta do Bauru. Uma correção importante: Medo de como Mari reagiria.

Sheilla estava apreensiva com os exames da avó. Dividiu com Mari as preocupações e a possibilidade de acompanhar Tererê nos exames em São Paulo no decorrer da semana.

Mesmo a contragosto de Mari, Sheilla disse a ela, ter feito Breno prometer ficar na dele. Angelo também viria de Brasília.
Mari não quis discutir, afinal não tinha nenhuma intenção de contato. Além disso, ela sentiu um aperto no peito pela saúde de Dona Terezinha, e claro, muita tristeza em Sheilla por conta da avó.

A semana seguiu com agendas difíceis para ambas. Dona Terezinha realmente tinha tido certas alterações em seus exames de monitoramento, Vitor estava com uns compromissos do curso de Direito na cidade de Lavras, além disso, Sheilla ainda tinha umas pendências de documentos para a Itália, cuja resolução das mesmas não podiam ser delegadas.

Apesar da correria, elas se falaram todos os dias. Se apoiavam.
Mari não queria pensar em ver Sheilla com Breno. Ela se sentia uma juvenil enciumada. Mas não podia ficar de chororô, ou lidava com a situação com maturidade, ou deveria deixar Sheilla. Ainda não tinha como provar que a bobeira da morena em deixar o marido agir primeiro, fora proposital para atrasar o imbróglio do divórcio, embora não pudesse negar que isso as vezes passava por sua cabeça.

Sheilla se viu com preocupações reais. O medo da doença da avó voltar, medo de sofrer retaliação na mão de Mari. O medo de ser vista com Breno pelas colegas de Mari e toda a comissão, feriam seu peito, já que em Bauru ficou claro que as duas estavam juntas.

Sheilla, de fato, sempre se importou com o que falavam dela, mas naquela situação, se sentia mal, por, de certa forma, mais uma vez, expor Mari publicamente, possivelmente a loira seria vista como amante, a ex, destruidora de lares. A fama da loira que já não era nada boa, tendia a piorar.

Não era só isso. A proximidade de Mari e Raquel estava bastante incômoda para a mineira. Mari nunca viveu só, sempre foi de amigos, é verdade. Mas o que incomodava, era a loira ter parado de dar ouvidos a ela e seguido com a proximidade sem ligar para os ciúmes da mulher, e isso provavelmente não era boa coisa. Sheilla estava perdendo influência e controle sobre Marianne.

Between Us - SHARIWhere stories live. Discover now