𝐑𝐄𝐃 𝐕𝐄𝐋𝐕𝐄𝐓 (Hiatus)

78

Ji-Hye esperava sentada por suas fritas e um grande copo de refrigerante. Aquela cafeteria havia se tornado uma lanchonete temática.

Sentada na mesma mesa, a da janela, enquanto encarava o outro lado da rua, quase pudera vê-lo atravessar em sua direção, como a anos atrás.

Rosenberg vinha com um grande sorriso, parecia diferente desde a última vez. Acenou para Ji-Hye enquanto atravessa a rua, com seus cabelos recém cortados recebendo uma rajada de vento. Bonito de se ver, usava sua típica jaqueta de couro, uma camisa gola alta e cordões de prata.

— Esperou muito? — ajeitou os cabelos.

— Não, acabei de chegar — mentira, havia esperado por uma hora.

— E onde está o médico?

— Matteo — corrigiu Ji-Hye. — Um paciente sofreu uma convulsão e ele não pôde vir.

— Eu não te tirei do trabalho, não é? Não era a intenção.

— Minha folga hoje, então esse café tem que ser o melhor que já tomei. — deu de ombros.

— Deixe comigo! — levanta a mão, e fora questão de segundos para a garçonete vir até eles e anotar um pedido feito pelo homem.

— Então — parecia estar em um bloqueio criativo para puxar conversa — Gosta de ser enfermeira naquele hospital?

— Gosto sim. Falando em trabalho, o que faz da vida?

— Trabalho em um cassino na velha strip! — falou verdadeiramente.

— Essa história de ganhar fichas da casa é real? — pergunta apenas para não deixar com que o assunto morra. Era bom estar com alguém novo.

— Eu não gosto de jogatina, então não faço ideia! Sou um mixólogo apenas — deu de ombros.

— Tão contraditório!

— É o que paga bem. Nem todo mundo teve alguém pra custear os estudos doutora!

— Da pra me chamar pelo meu nome? — pediu irritada.

— Ji-Hye! É o que tem pra mim, eu menti pra conseguir o emprego na verdade — deu uma risada genuína.

— O que faz quando pedem algo exótico?

— Não acontece muito, vejo aulas na internet, daí não preciso me preocupar! — se vangloriou.

— É.. foi muito esperto, apesar que mentir no currículo seja bem errado!

— Você é toda certinha né? — debochou assim como Lucy fazia.

"Ok, consegui ver que o que Lucy me diz é completamente verdade, sou uma careta!"

— Nem sempre, eu sei ser compreensível, e até deixo passar algumas broncas! — brincou em sua resposta.

— Então me diz qual foi a coisa mais errada que você já fez em toda sua vida, e não vale ter tomado milk-shake sem canudinho. — zombou.

— Acha que o máximo de erro que eu cometi seria beber milk-shake sem o canudo? — arqueou a sobrancelha, fazendo uma fiel interpretação de quem estava zangado — Já matei uma pessoa.

O sorriso no rosto de Rosenberg desmanchou e todo seu brilho sumiu em seu rosto opaco.

— Calma. Eu já paguei minha pena, e trabalho na prisão duas vezes por semana pra relembrar os bons tempos
— a parte de ajudar na prisão Clark County não era mentira.

Vendo o silêncio do jovem, prosseguiu.

— O gato comeu sua língua? — sorriu para o homem que continua mudo.
— É uma brincadeira, sou incapaz de matar um ser humano, nunca faria isso!