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Encarou as próprias mãos pingando sangue, os dedos com cortes fundos, escondido no quartinho da dispensa enquanto Donato esmurra a porta.

— Seu cretino, filho da puta, abre a porra da porta, você vai pagar por essa facada com juros. — continua a esmurrar a porta.

Se afastou da porta, correndo para o canto do quarto, tapando os ouvidos, enquanto Donato cantarolava aquela canção italiana novamente.

Se balançava para frente e para trás tentando se livrar daquele desconforto, do surto que crescia no peito. Quando Donato consegue arrombar a porta, com a faca nas mãos.

— Sabe o que essa palhaçada te custou? — limpou o sangue do canto da boca com o dedão, encarando o vermelho vivo desenhando sua digital.

Lambendo o próprio dedo sujo de sangue, e então sorriu.

— Quase explodi de alegria quando descobri que você tem gêmeas — deu um sorriso mostrando a foto para Gang-Tae.

— Elas não! — se levantou em fúria.

— Não se preocupa, eu paguei um excelente valor, até mais do que valem! — sorriu amassando a fotografia e jogando-a no jovem — O helicóptero logo vai chegar para levá-las, espero que tenha se despedido.

Gang-Tae se abaixa para pegar a fotografia amassada, quando Donato embola a mão em seus cabelos puxando com força arrastando o mais novo.

Reuniu suas forças para se levantar e empurrar Donato que lhe acerta uma facada na coxa direita e outra na barriga.

Precisava impedir que fossem levadas, agarrou aquele objeto perfurante, ajuntando a coragem necessária para retirá-la da barriga.

Removeu apesar da dor, e sem pensar duas vezes acertou o rosto de Donato, gritando de dor ao sentir a lamina rasgar seus dedos, puxa de volta acertando-o no peito. Donato não relutou, seu corpo não se mexeu.

Gang-Tae se levantou, e se retirou andando o mais rápido que podia com aquela ferida na coxa. Encarou a escada que dava acesso ao heliporto do prédio, agarrou ao corrimão, tentando impedir o inevitável.

Continuou subindo, degrau por degrau, sentindo suas pernas paralisarem de fraqueza, quando escuta o choro de Keiko, em um grito desesperado.

Faltava tão pouco, precisava continuar a subir, valeria a pena.

Respirou fundo, se enchendo com a coragem, abrindo a porta que lha dava acesso ao heliporto. Vendo o helicóptero levantar voo.

Keiko viu o rosto de Gang-Tae pela última vez, batendo as mãos contra o vidro, gritando por ele.

O vento forte provocado pelas hélices do autogiro cortando o vento, tornava quase impossível se aproximar ou olhar para elas uma última vez.

O berro de dor saiu da garganta do jovem como um pedido de socorro, sua última tentativa frustrada. Seu olhar encontrou o homem frívolo, Woozie. Ainda de joelhos gritou para ele.

— Por que você não fez nada? — gritou se levantando, correndo até ele. — Seu desgraçado — pegou na gola da camisa de Woo que o empurrou, acertando o seu rosto em seguida.

— Isso não é problema meu! — encarou Gang-Tae estirado no chão, buscando uma ponta de esperança na qual pudesse se agarrar.

— Vai chegar o momento em que vai sofrer a pior dor da sua vida, e eu não farei nada por você. Guarde suas palavras — Gang-Tae gritou pra ele.

— Embora eu duvide muito, vou aguardar o cumprimento dessa promessa, mesmo que eu não acredite que esse dia chegará. Não há nada que eu possa perder, se fosse tão bom assim, teria protegido elas do seu próprio pai! — Woozie virou as costas e se retirou.

𝐑𝐄𝐃 𝐕𝐄𝐋𝐕𝐄𝐓 (Hiatus)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora