71

77 14 9
                                    

Afundou o corpo cansado na água quentinha da banheira, cheirando a vela perfumada, deixando seus músculos relaxarem, brincando com as pétalas de rosas espalhadas pela água cheia de sabão.

Admirou a peça em seu dedo, brilhava, como os sonhos de verão, como esperança colorida no meio do ar cinza da amargura, cintilante assim como o brilho prata da lua sobre seu corpo jogado naquele lugar que a mulher dizia ser seu templo.

Um ruído próximo chamou sua atenção, fizera um esforço para tentar ouví-lo, o ambiente se cala novamente.

Tentou relaxar, agora de olhos fechados, escutando outro ruído ainda mais perto, como se estivesse dentro de seu quarto!

Se levantou alarmada, escuta passos se afastando no corredor, envolve seu corpo com o roupão, passando a mão por baixo do móvel encontrando seu revólver, conferiu as balas, três, seriam necessárias ou não fariam diferença?

Com uma mão atrás, e outra a frente, começa a se mover com cuidado, ouvindo o barulho de algo se quebrando. Correu para fora do quarto, se apressando pelo corredor extenso, desceu as escadas, fitando o vaso de flores, agora estilhaços no chão. As rosas estavam espalhadas pelo piso molhado e passos distantes ecoam da entrada.

A luz externa do hall se acende, Ji-Hye corre até a porta aberta e dá de cara com Hyeon, no corredor vazio.

— Por que tá com essa arma na mão? — ergueu as mãos como se lhe dissesse: "sou inocente".

Ji-Hye estava assustada, procurando pelo invasor, volta pra dentro do apartamento intrigada caçando‐o nos cômodos próximos.

Conferiu o apartamento e volta a presença de Hyeon que estava estagnado.

— Então não era você que estava aqui dentro — parecia amedrontada.

— Até onde sei, a casa está vazia — Hyeon tinha uma toalha branca sobre os ombros, e uma muda de roupas nas mãos.

— Não, tinha alguém aqui — fora até a cozinha, procurando por água.

— Deve ser o cansaço da viagem, o cérebro tem a necessidade de criar ruídos e formas.

— Hyeon! Não estou maluca, veja — aponta para a bancada — o bilhete de Gang-Tae que estava aqui, sumiu.

— Talvez você tenha esquecido onde o guardou. Eu não quero dizer que está maluca, mas sim cismada por descobrir sobre o motorista. — se aproximou dela.

— Eu não estou neurótica, o vaso de flores caiu, o que me diz disso? — leva as mãos a cintura — eu sei o que ouvi, e o que senti, era uma presença masculina porque seus passos eram firmes!

Hyeon continua olhando como se a mulher estivesse fazendo tempestade em copo d'água. Ofereceu sua mão.

— O que acha de relaxar com um banho quentinho, hum? — ao ter seu aperto de mão recusado, passa o braço pelos ombros tensos da mulher, agora afogada nos próprios pensamentos.

Subiram para continuar o banho interrompido pelo intruso, se vestiram e voltaram a sala de estar, recolheram os cacos de vidro, e colheram rosa por rosa, espalhadas na beleza fragmentada.

Batidas fortes na porta, Hyeon e Ji-Hye se entreolharam por alguns segundos, pegos de surpresa pelo contato brutal dos punhos desesperados de Gang-Tae, que no momento digita a senha rapidamente.

O som dos sapatos caros no piso aumentam ao passo que se aproxima do ambiente que se encontram Hyeon e Ji-Hye.

— Gang-Tae, o que tá fazendo aqui? — Ji-Hye correu até o ombro amigo vendo seu desespero, sendo puxada para um abraço carregado de alívio.

𝐑𝐄𝐃 𝐕𝐄𝐋𝐕𝐄𝐓 (Hiatus)Where stories live. Discover now