✨ capítulo 157 ✨

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Herbologia foi a primeira aula de Harry na manhã seguinte. No café da manhã não pudera comentar com Rony e os outros a aula com Dumbledore, com medo de ser ouvido, mas foi contando enquanto caminhavam pela horta em direção às estufas. A ventania violenta do fim de semana finalmente cessara; a estranha névoa tinha voltado, e gastaram mais tempo do que o habitual para encontrar a estufa certa.

– Uau, ele sempre foi apavorante.- disse Rony baixinho, quando tomaram seus lugares ao redor de um dos tocos nodosos de Arapucosos, que faziam parte do programa do trimestre, e começaram a calçar as luvas de proteção.

— Sim, mas não consigo entender por que Dumbledore está lhe mostrando tudo isso. Quero dizer, é muito interessante e tudo o mais, mas para que serve?.- questionou Draco.

– Não sei.- respondeu Harry, encaixando um protetor de gengivas.– Mas ele diz que é importantíssimo.

– Talvez esteja tentando te manipular.-  opinou Thomas séria.– Mostrar como Tom sempre foi mal

– Então, como foi a última festinha de Slughorn?.- perguntou Harry trocando de assunto com voz pastosa por causa do protetor de gengivas.

– não sei, eu fujo das festinhas dele.- respondeu Thomas, colocando os óculos protetores. – ainda mais que...

– Chega de conversa aí!.- disse a professora Sprout, em tom enérgico, aproximando-se com ar severo.– Vocês estão se atrasando, todos já começaram e Neville já colheu a primeira vagem!

Eles se viraram para olhar; de fato, lá estava Neville com os lábios ensanguentados e vários arranhões feios na bochecha, mas apertando um objeto verde, do tamanho aproximado de uma toranja, que pulsava hostilmente.

– Certo, professora, já estamos começando!. disse Rony, acrescentando baixinho, quando ela se afastou:– Devíamos ter usado o Abaffiato, Harry.

Os cinco tomaram fôlego e atacaram o toco nodoso. A planta imediatamente ganhou vida; galhos longos, urticantes e espinhosos saíram do toco e chicotearam o ar. Um deles se enganchou nos cabelos de Thomas, e Rony o repeliu com uma tesoura de poda; Harry conseguiu conter uns dois galhos e prendê-los com um nó; abriu-se um buraco no meio desses tentáculos; Draco enfiou o braço corajosamente no buraco, que fechou como uma armadilha em torno do seu cotovelo; Harry e Theodore puxaram e torceram os galhos, obrigando o buraco a reabrir, e Draco desvencilhou o braço, trazendo entre os dedos uma vagem igualzinha à de Neville. Na mesma hora, os galhos urticantes tornaram a se recolher e o toco nodoso se imobilizou, parecendo um inocente pedaço de madeira seca.

– Sabe, acho que não vou querer essa planta no jardim quando tiver a minha casa.- comentou Rony, empurrando os óculos para a testa e enxugando o suor do rosto.

– Me passa uma tigela.- pediu Thomas, segurando a vagem pulsante com o braço estendido; foi o que Harry fez e ele largou a vagem dentro da vasilha.

– Não seja supersensível, esprema a vagem, é melhor quando está fresca!.-  falou a professora Sprout.

O restante da aula passou com eles tentando tirar o resto das vagem. Nos dias seguintes Harry observasse Thomas com mais atenção, o amigo estava mais estranho que o normal. Harry presumiu que fosse o nervosismo do baile de Natal que estava sendo organizado por Bella com o tema de realeza. Até lá, porém, ele tinha preocupações mais urgentes.

Katie Bell continuava no Hospital St. Mungus sem perspectiva de alta, o que significava que a promissora equipe da Grifinória que Harry andara treinando com tanto carinho desde setembro perdera um artilheiro. Ele adiava a substituição da garota na esperança de que ela voltasse, mas a partida de abertura contra a Sonserina se aproximava, e ele finalmente teve de admitir que a garota não voltaria em tempo de jogar.

Harry achava que não aguentaria outro teste geral. Com uma sensação de desânimo que não combinava com o quadribol, ele encurralou Dino Thomas depois de uma aula de Transfiguração. A maior parte da turma já havia saído, embora vários passarinhos amarelos pipilantes ainda voassem pela sala, todos criações de Thomas; ninguém mais conseguira conjurar coisa alguma além de uma pena.

– Você está interessado em jogar como artilheiro?

– Quê...? Claro que estou!.- exclamou Dino agitado. Por cima do ombro do garoto, Harry viu Simas Finnigan enfiar violentamente os livros na mochila, de mau humor. Uma das razões por que Harry teria preferido não convidar Dino para jogar é que sabia que Simas não ia gostar. Por outro lado, precisava fazer o que era melhor para a equipe, e Dino tinha voado melhor que Simas nos testes.

– Bem, então você está na equipe.- disse Harry.– Temos um treino hoje à noite, às sete horas.

– Certo. Valeu, Harry! Caramba, nem posso esperar para contar a Gina.

Ele saiu correndo da sala, deixando Harry e Simas sozinhos, um momento de mal-estar que não ficou melhor quando um dos passarinhos de Thomas sobrevoou os dois e deixou cair uma titica na cabeça de Simas. Simas não foi o único descontente por Harry ter escolhido dois colegas da própria série para a equipe.

Já tendo suportado falatórios muito piores em sua carreira escolar, Harry não se sentiu particularmente incomodado, mas, ainda assim, crescia a pressão para ganharem a partida contra a Sonserina dali a alguns dias. Se a Grifinória ganhasse, Harry sabia que a casa inteira esqueceria as críticas e juraria que sempre acreditara que tinham uma grande equipe. Se perdesse... bem, Harry concluiu ironicamente, ele já tinha suportado falatórios piores...

Harry não teve razão para se arrepender de sua escolha quando viu Dino voando naquela noite; ele se entrosou bem com Gina e Demelza. Os batedores, Peakes e Coote, melhoravam a cada treino. O único problema era Rony. Harry sempre soubera que o amigo era um jogador irregular, que sofria dos nervos e de falta de confiança e, infelizmente, a perspectiva iminente do jogo que abria a temporada parecia acentuar todas as velhas inseguranças. Depois de deixar entrar meia dúzia de gols, a maioria deles marcados por Gina, sua técnica foi piorando, e por fim ele meteu um soco na boca de Demelza Robins quando ela se aproximou.

– Foi um acidente, lamento, Demelza, eu realmente lamento!.- Rony gritou para a garota que ziguezagueava de volta ao chão, pingando sangue pelo caminho.. – Foi só que eu...

— Entrou em Pânico.- Harry sorriu ao ver Thomas aparecendo no campo.— vai acabar arrancando o olho de alguém assim.

– Seu imbecil.- disse Gina com raiva, aterrissando ao lado de Demelza e examinando seus lábios carnudos. – Seu retardado, olhe só o que você fez!

– Posso dar um jeito nisso.- Thomas foi até a garota e apontou sua varinha para a boca dela. — Episkey. E, Gina, você não deveria xingar o Rony de retardado, você não é o capitão da equipe...

– Cale a boca, sua cobra asquerosa! você nem deveria está aqui.- rosnou irritada.

— Menos 10 pontos da Grifinoria.- Thomas sorriu.

— Seu...

–  Chega! Voando, todo o mundo, vamos...- disse Harry ao descer.

De um modo geral, foi um dos piores treinos que fizeram naquele trimestre, embora Harry não achasse que a franqueza fosse a melhor política quando estavam tão próximos da partida.

– Bom treino, pessoal, vamos arrasar a Sonserina – disse para incentivá-los, e os artilheiros e batedores saíram do vestiário parecendo razoavelmente felizes consigo mesmos.

— Foi uma merda de treino.- disse Thomas. — Rony foi péssimo, Gina é muito esquentada e Dino não para de babar nela.

— É, eu sei.

– Joguei como uma saca de bosta de dragão!.- exclamou Rony se aproximando deles.

— Você foi ótimo, vai dar tudo certo.- Thomas sorriu.— preciso ir, boa sorte amanhã!.

O Herdeiro do lorde das trevasWhere stories live. Discover now