✨ Capítulo 99 ✨

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Thomas foi o primeiro a acordar no dormitório na manhã seguinte. Continuou deitado por um momento, observando a água do lago negro sendo refletida com o raio de sol que iluminava a superfície do lago e saboreou o pensamento de que era sábado. A primeira semana do trimestre parecia ter se arrastado uma
eternidade, como uma gigantesca aula de História da Magia.

A julgar pelo silêncio modorrento e o frescor calor refletido pela água, devia ter acabado de amanhecer. Ele se tirou as cobertas de cima de si, levantou-se e começou a se vestir. O único som, além dos sereanos passeando por sua janela, era a respiração lenta e profunda da sua cobra. Ele abriu a mochila sem fazer barulho, tirou o pergaminho e a pena, saiu do dormitório e rumou para a sala comunal.

Indo direto a poltrona semi-nova e macia junto à lareira, agora apagada, Thomas se acomodou confortavelmente e desenrolou o pergaminho, ao mesmo tempo que corria os olhos pela sala. Os pedaços de pergaminho amarrotados, as bexigas, as jarras vazias e as embalagens de doces, que em geral
juncavam a sala ao fim de cada dia, haviam desaparecido, Thomas destampou o tinteiro, mergulhou a pena e, em seguida, a manteve suspensa alguns centímetros acima da superfície amarelada e lisa, se concentrando... mas decorrido mais ou menos um minuto, ele se viu contemplando a grade da lareira vazia, sem ter a menor ideia do que iria dizer.

  Fazia tempo que não mandava cartas para ninguém da sua familiar, Bella provavelmente está sentido sua falta e Sirius também, mas queria falar com Bartô sobre as estranhas dores de cabeça e sobre Umbridge, provavelmente ele saberia algo sobre ela. Mas como é que iria contar a Bartô tudo que acontecera na última semana, e fazer todas aquelas perguntas que estava ansioso para fazer, sem dar aos  ladrões de cartas muita informação que não gostaria que obtivessem?  Sentou-se imóvel por algum tempo, mirando a lareira, então, finalmente, tomando uma decisão, mergulhou a pena no tinteiro mais uma vez e apoiou-a com firmeza no pergaminho.

Querido irmão,

Espero que esteja bem, a primeira semana aqui foi horrível, estou realmente feliz que o fim de semana tenha chegado.
Temos uma nova professora de Defesa Contra a Arte das Trevas, a Professora Umbridge. Ela é quase tão simpática quanto a mãe de Sírius. Estou lhe escrevendo porque estou sentido tanta saudade que estão a me causar dor de cabeça, e uma delas foi quando eu estava cumprindo uma detenção com a Umbridge. E meu paladar está tãoo amargo por causa da saudade que estou daqueles seus doces de morango e hortelã.
Espero que todos estavam bem e diga a tia surtada que não me esqueci dela e irei mandar uma carta em breve.
Responda logo, por favor.
Tudo de bom,

      Do seu doce irmão, Thomas.

Ele releu, então, a carta várias vezes, tentando analisá-la do ponto de vista de uma pessoa de fora. Não conseguiu ver como alguém poderia saber do que ele estava falando – ou com quem estava falando – só pela leitura de sua carta. Considerando que era uma carta muito curta, levara muito tempo para ser escrita; trabalhava seu texto, enquanto o sol clareava o rio negro entrando até a metade da sala pela única janela blindada que havia ali e ele agora ouvia, ao longe, a movimentação nos dormitórios. Lacrando o pergaminho com cuidado, ele passou pelo buraco e se dirigiu ao corujal.

— Eu não tomaria esse caminho se fosse você.- disse Nick Quase Sem Cabeça, atravessando de maneira desconcertante uma parede um pouco além, quando Thomas seguia pelo corredor.—  Pirraça está planejando pregar uma peça na próxima pessoa que passar pelo busto de Paracelso, ali adiante.

— Tem a ver com Paracelso caindo na cabeça da pessoa?.- perguntou Thomas.

— Por mais engraçado que pareça, tem sim.- respondeu Nick Quase Sem Cabeça entediado.— A sutileza nunca foi um ponto forte do Pirraça. Estou indo procurar o Barão Sangrento... talvez ele possa pôr um fim nisso... até mais, Thomas...

O Herdeiro do lorde das trevasWhere stories live. Discover now