✨ Capítulo 150 ✨

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Quando chegaram ao compartimento C, viram que não eram os únicos convidados de Slughorn, embora, a julgar pela recepção entusiástica do professor, Thomas sabia que Harry era o mais esperado.

– Harry, meu rapaz!.- exclamou Slughorn, erguendo-se rápido e de tal jeito que sua enorme barriga coberta de veludo pareceu ocupar o espaço que restava no compartimento. Sua careca lisa e a bigodeira prateada refulgiam tão intensamente à luz do sol quanto os botões dourados do seu colete.– Que bom vê-lo, que bom vê-lo! Oh... então você é o Jovem Thomas Riddler.

Thomas assentiu, ainda sério. A um gesto de Slughorn, eles se sentaram um defronte ao outro nos dois únicos lugares vazios, e mais próximos da porta. Thomas correu o olhar pelos convidados. Reconheceu um aluno da Sonserina da mesma série que ele, Blase também estava ali; havia ainda dois rapazes da sétima série que Thomas não conhecia e, espremida a um canto junto a Slughorn, Gina, parecendo não saber muito bem como chegara ali e olhava com desgosto para Thomas.

– Bem, vocês conhecem todo o mundo?.- perguntou Slughorn aos recém-chegados. – Blásio Zabini, da

mesma série que você, é claro...

Zabini fez um cumprimento com a cabeça, no que foi imitado por Harry e Thomas: A rivalidade dos alunos da Grifinória e da Sonserina haviam diminuído com a chegada do Thomas.

– Este é Córmaco McLaggen, talvez já tenham se visto? Não?

McLaggen, um jovem corpulento de cabelos crespos e armados, ergueu a mão, e Harry e Thomas retribuíram com um aceno de cabeça.

– ... e este é Marcos Belby, não sei se...

Belby, que era magro e nervoso, sorriu tenso..

– ... e esta encantadora jovem me diz que já você, Harry!.- terminou Slughorn.

Gina sorriu para Harry, mas fechou a cara para o sonserino. Thomas revirou os olhos.

— Bem, isto é muito agradável.- comentou Slughorn acolhedoramente. – Uma oportunidade de conhecê-los um pouco melhor. Aqui, apanhem um guardanapo. Trouxe o meu próprio almoço; o carrinho, segundo me lembro, tem muita Varinha de Alcaçuz, e o aparelho digestivo de um pobre velho não dá mais contadessas coisas... faisão, Belby?

Belby se sobressaltou e aceitou algo que parecia a metade de um faisão.

– Eu estava contando ao jovem Marcos aqui que tive o prazer de ser professor do seu tio Dâmocles.- disse Slughorn a Harry e Neville, passando agora uma cesta de pães.– Um bruxo excepcional que mereceu de fato a Ordem de Merlim. Você vê o seu tio com frequência, Marcos?

Infelizmente, Belby acabara de encher a boca de faisão; na pressa de responder a Slughorn, engoliu rápido demais, arroxeou e começou a sufocar.

– Anapneo.- ordenou Slughorn calmamente, apontando a varinha para o rapaz, cujas vias respiratórias desobstruíram na mesma hora.

– Não... não muita, não.- arquejou Belby, as lágrimas escorrendo.

– Bem, naturalmente, imagino que esteja ocupado.- replicou Slughorn, lançando um olhar indagador a Belby. – Duvido que tenha inventado a Poção de Acônito sem considerável esforço!

– Suponho que sim...- concordou Belby, que pareceu receoso de comer outra garfada de faisão até ter certeza de que o professor terminara a conversa.– Ãh... ele e o meu pai não se dão muito bem, entende, então realmente não sei muita coisa sobre...

Era o que Thomas suspeitava. Todos ali pareciam ter sido convidados porque estavam ligados a alguém famoso ou influente – todos exceto Gina. Zabini, interrogado depois de McLaggen, era filho de uma bruxa famosa por sua beleza (pelo que Thomas pôde entender, ela casara sete vezes e cada marido morrera misteriosamente, deixando-lhe montanhas de ouro). Quando terminou a entrevista de McLaggen, Thomas teve a impressão de que Slughorn ainda não formara uma opinião sobre ele...

– E agora.-disse Slughorn, virando o corpo no banco com a pose de um apresentador de TV anunciando sua principal atração.– Harry Potter! Por onde começar?

Ele contemplou Harry Potter por um momento, como se ele fosse um pedaço particularmente grande e suculento de faisão, então disse:

– “O Eleito”, é como estão chamando-o agora!

Harry ficou calado, desconfortável. Belby, McLaggen e Zabini, todos o encaravam.

– Naturalmente.- continuou Slughorn, observando Harry com atenção.–, correm boatos há muitos anos... lembro-me quando, bem, depois daquela noite terrível, Lílian, Tiago, mas você sobreviveu e diziam que devia ter poderes extraordinários...

— Sloughorn, não tem nada a falar sobre mim?.- questinou Thomas, tirando o foco de Harry.— achei que iria querer falar com o filho do seu favorito.

Thomas encarou o professor com um olhar sério fazendo o homem engolir seco.

— Meu favorito?.- riu nervoso.— Tom... ele era um aluno... brilhante, ele poderia ter sido um grande bruxo se...- e parou.

— Tivesse ido pelo caminho certo, é, eu sei.- disse Thomas.— pode ficar tranquilo, não vou manipula-lo para me ensinar algo proibido... eu já sei quase tudo proibido mesmo..- sorriu.

— Você é como ele...- disse Sloughorn.— mas tem um sorriso familiar....

— Tenho o sorriso da minha mãe.- disse Thomas antes de bebericar a taça de suco de abóbora.— Louise...

Sloughorn arregalou os olhos.

— Louise Miller Layé era sua mãe?.- perguntou descrente.— Tom se envolveu com uma...

— Cuidado com a escolha de palavras.- Thomas fechou a cara.

— Desculpa... ela era uma bruxa maravilhosa.- disse Sloughorn tenso.

A tarde foi passando com um desfile de histórias sobre bruxos ilustres dos quais Slughorn fora professor, todos encantados em participar do “Clube do Slugue”, em Hogwarts. Thomas mal conseguia esperar para ir embora, mas não via como fazer isso educadamente. Por fim, o trem passou de mais um longo trecho de névoa para um rubro pôr de sol, e Slughorn se virou para os lados piscando na penumbra.

– Santo Deus, já está escurecendo! Não notei que já tinham acendido as luzes! É melhor vocês irem trocar de roupa, todos vocês. Provavelmente já devemos ter chegado. McLaggen, passe na minha sala para eu lhe emprestar o livro sobre os rabicurtos. Harry, Blásio, a qualquer hora que estiverem nas redondezas. O mesmo vale para a senhorita.- Ele piscou para Gina.– Muito bem, vão andando, vão andando!

Quando passou por Thomas para alcançar o corredor sombrio, Gina lançou-lhe um olhar feio que Thomas retribuiu com um sorriso.

– Que bom que terminou.- murmurou Harry.– Então é ele?

— Sim, bastante estranho.- disse Thomas.— excêntrico, talvez.

— Bizarro, isso sim.- resmungou Blase um pouco atrás deles.

— Como foi convidado, Zabini?.- perguntou Harry, curioso.

— Não que isso seja da sua conta, Potter.- rosnou.

— Mas é da minha.- disse Thomas. — desembucha.

— Na realidade, eu não sei.- respondeu sem vontade.— talvez fosse apenas para ter contato com gente bem relacionada.

— Se fosse isso, teria chamado o Draco e não você.- disse Thomas sério.— mas agradeço.

— O que você acha?.- perguntou Harry assim que Zabini se afastou.

— Que teremos mais um ano maravilhoso.- respondeu Thomas, sarcástico.

O Herdeiro do lorde das trevasOnde histórias criam vida. Descubra agora