✨ Capítulo 155 ✨

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  já havia se passado algumas semanas que desde que Harry havia visitado as memórias de Beto Ogden junto com Dumbledore. Depois disso, o homem nunca mais lhe chamou. O Grifinório pensou que talvez ele tivesse procurando mais pessoas para pegar lembranças ou acreditava que aquelas fora o suficiente para Harry acreditar nele.

Em meados de outubro, aconteceu o primeiro passeio do trimestre a Hogsmeade. Harry se perguntara se ainda seriam permitidos, dadas as medidas cada vez mais rigorosas em torno da escola, e ficou contente em saber que continuariam; era sempre bom sair dos terrenos do castelo por algumas horas.

Harry acordou cedo no dia do passeio, que amanhecera tempestuoso, e matou o tempo até a hora do café da manhã lendo o seu exemplar de Estudos avançados no preparo de poções. Não tinha o hábito de ficar na cama lendo livros escolares; tal comportamento, dizia Rony com toda a razão, seria indecoroso em qualquer pessoa exceto Thomas, que era mesmo esquisita. Harry, porém, tinha a sensação de que o exemplar de Estudos avançados no preparo de poções do Príncipe Mestiço não era bem um livro escolar. Quanto mais o lia, mais se conscientizava da quantidade de informações que havia ali; não somente dicas providenciais e atalhos para o preparo de poções que lhe conquistavam uma reputação tão
brilhante com Slughorn, como também pequenos feitiços e azarações anotadas à margem que Harry tinha certeza, a julgar pelos cortes e revisões, o próprio Príncipe inventara.

Harry já tentara realizar alguns desses feitiços inventados. Havia um que fazia as unhas do pé crescerem com assustadora rapidez (experimentara esse em Crabbe, quando ele passara no corredor, com resultados divertidos); outro que colava a língua no céu da boca (usara duas vezes, sob aplausos gerais, no incauto Filch); e, talvez, o mais útil deles, o Abaffiato, um feitiço que invadia os ouvidos de quem estivesse próximo com um zumbido indefinível, permitindo que se pudesse conversar longamente em aula sem ser ouvido. A única pessoa que não achava graça em nada disso era Hermione, que fazia uma cara de rígida desaprovação durante as demonstrações e se recusava sequer a falar quando Harry usava o Abaffiato em alguém por perto.

Harry sentou-se na cama e virou o livro de lado para poder examinar mais atentamente as anotações referentes a um feitiço que parecia ter dado trabalho ao Príncipe. Havia muitos cortes e alterações, mas, finalmente, espremido em um canto da página, ele encontrou o rabisco: Levicorpus (nvbl)

Enquanto o vento e o granizo martelavam incessantemente as janelas e Neville dormia dando fortes
roncos, Harry fitava as letras entre parênteses. N vbl... isso tinha de significar não verbal. Harry duvidava um pouco que pudesse executá-lo; ainda encontrava dificuldade com feitiços não verbais, coisa que Snape se apressava em comentar a cada aula de DCAT. Em compensação, o Príncipe tinha se mostrado um professor mais eficiente do que Snape fora até aquele momento.

Apontando a varinha a esmo, Harry fez um curto gesto para o alto e disse mentalmente: Levicorpus!

– Aaaaaaaarre!

Houve um lampejo e o quarto se encheu de vozes: todos acordaram com o berro de Rony. Em pânico, Harry varejou longe o Estudos avançados no preparo de poções; seu amigo estava pendurado no ar de cabeça para baixo, como se tivesse sido guindado pelo tornozelo por um gancho invisível.

– Desculpe!.- gritou Harry, enquanto Dino e Simas davam grandes gargalhadas, e Neville se levantava do chão pois caíra da cama.– Calma aí... vou fazer você descer...

Ele catou o livro de poções e folheou-o, em pânico, tentando encontrar a página certa; por fim, localizou-a e decifrou a palavra apertadinha sob o feitiço: rezando para que fosse o contrafeitiço, mentalizou: Liberacorpus!, com toda a concentração.

Houve um segundo lampejo e Rony despencou no colchão.

– Desculpe.- repetiu Harry tolamente, enquanto Dino e Simas continuavam a dar gargalhadas.

O Herdeiro do lorde das trevasWhere stories live. Discover now